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Espécies invasoras causam prejuízo anual de até R$ 15 bilhões no Brasil

Relatório analisou os prejuízos causados por 16 espécies (incluindo o mosquito da dengue) em um período de 35 anos.

Por Caio César Pereira
5 mar 2024, 18h20

Alguns podem até parecer fofinhos ou inofensivos à primeira vista, mas espécies de animais exóticos são, na verdade, animais que trazem sérios problemas quando estão em um local diferente de sua origem. Para além de todo o desequilíbrio ecológico, um recente estudo revelou que eles podem representar aos cofres públicos um prejuízo de R$15 bilhões por ano.

Segundo a professora Michele de Sá Dechoum, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e uma das coordenadoras do estudo, a presença de espécies invasoras (espécies introduzidas por humanos fora de seu habitat natural), está entre as cinco maiores causas de perda da biodiversidade. Elas vem logo depois da destruição de habitat, mudanças climáticas, poluição e sobre-exploração de recursos naturais.

O relatório foi feito pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na sigla em inglês). O objetivo do relatório foi identificar o que sabemos sobre as espécies exóticas invasoras no território brasileiro, quais os impactos provocados por essas espécies e quais são as oportunidades de manejo para a mitigação dos impactos negativos provocados.

O estudo analisou um período de aproximadamente 35 anos, estimando quais os impactos que essas espécies causaram no país entre os anos 1984 e 2019. O relatório revelou que apenas 16 espécies invasoras foram responsáveis por um prejuízo estimado entre US$77 e US$105 bilhões. 

Isso dá algo entre R0 e R0 bilhões. Ao dividirmos essa grana toda por ano, o prejuízo anual seria algo entre US a US bilhões – ou R a R bilhões.

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Entre esses animais, as principais espécies são as pragas agrícolas e os vetores de doenças (como o Aedes aegypti, que veio do Egito e chegou por aqui no período colonial).

Esses animais chegam aqui principalmente pelo comércio – de plantas ornamentais e hortícolas ou animais de estimação, por exemplo. “A maioria das espécies invasoras causadoras de impactos negativos no Brasil foi introduzida intencionalmente, como a tilápia, o tucunaré, o javali e o caracol gigante”, explica Mário Luís Orsi, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e um dos coordenadores do relatório.

De acordo com o levantamento feito pelo relatório, só no Brasil existem 476 espécies invasoras registradas. Elas estão divididas em 268 animais e 208 plantas e algas oriundas da África, Europa e Sudeste Asiático. Elas estão espalhadas por todas as regiões do Brasil, presentes em todos os ecossistemas, e com maior concentração em ambientes degradados ou com alta circulação de pessoas. 

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O prejuízo, entretanto, ainda está subestimado. Isso porque, como você viu, os cálculos foram feitos somente com base em apenas 16 de todas as 476 espécies invasoras identificadas. Os números levantados são estimativas com base em perdas de receitas e custos que envolvem o manejo e outras estratégias voltadas para a prevenção, mitigação e controle. Mas o prejuízo provavelmente deve ser bem maior.

“Os impactos são muito maiores do que imaginamos. Faltam estudos científicos sobre muitas espécies com alto potencial invasor. O ambiente marinho demanda maior atenção dado o potencial de prejuízo”, ressalta Orsi.

Os principais prejuízos causados são relacionados a perdas de produção em horas de trabalho, internações hospitalares e interferência na indústria de turismo.

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