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Esperma animal de 100 milhões de anos é encontrado preservado no âmbar

Ela é a amostra de esperma mais antiga já descoberta, e pertence a um crustáceo com 0,6 milímetro de tamanho.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 16 set 2020, 20h37 - Publicado em 16 set 2020, 18h55

Poderia ter sido só mais um encontro sexual de uma fêmea de microcrustáceo. Isso, claro, se logo depois ela não acabasse coberta por âmbar, fossilizada, e preservada para a eternidade. Cem milhões de anos depois, cientistas encontraram seu corpo quase intacto – e células de esperma em seu trato reprodutivo, igualmente preservadas. A amostra é a mais antiga de esperma animal já encontrada.

O fóssil em questão é um exemplar de Myanmarcypris hui, crustáceo da classe Ostracoda com cerca de 0,6 milímetro de comprimento coberto por duas conchas. Há vários registros fósseis desses animais, com idade de até 465 milhões de anos. Estudos anteriores já haviam identificado suas características internas, tanto em fósseis como em organismos vivos. Eles podem ser encontrados pelo mundo todo, em água doce ou salgada.

Uma nova amostra de âmbar encontrada em Mianmar, país asiático, porém, ofereceu uma nova oportunidade de investigar como esses seres eram há 100 milhões de anos. Um total de 39 crustáceos foram preservados na resina de árvore que posteriormente se tornou âmbar, mantendo intactos também seus tecidos e órgãos macios – algo que não é comum. Em uma das fêmeas encontradas, dezenas de células do esperma de um dos machos estavam preservadas no interior de seus órgãos sexuais.

“O fato de os receptáculos seminais da fêmea estarem expandidos devido ao preenchimento com esperma indica que a cópula bem-sucedida ocorreu pouco antes de os animais ficarem presos no âmbar”, escrevem os autores do estudo, publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.

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Em geral, as características anatômicas e sexuais encontradas nos fósseis são muito parecidas com as das espécies atuais, demonstrando poucas mudanças ao longo dos milhões de anos.

Um fato que chama a atenção é o tamanho das células do esperma: assim como os representantes atuais, os ostracodes machos no fóssil possuíam células reprodutivas gigantes, que chegavam a ser maiores que seu próprio corpo. Pode parecer impossível, mas essas células ficam enroladas para caber dentro do corpo desses animais. Por isso, também, é difícil medir o tamanho exato de uma célula individual usando apenas por imagens de tomografia, como a que abre esse texto.

Estimativas dos cientistas, porém, apontam que uma única célula do esperma desses animais pode ter até 10 vezes o comprimento do seu corpo – a maior proporção do tipo entre todos os animais. Isso só vale para os machos: segundo a nova pesquisa confirmou, os óvulos das fêmeas possuem tamanho proporcional, tanto hoje como há 100 milhões de anos.

A existência do “super esperma” dos ostracodes ainda permanece um mistério para os cientistas. Acredita-se que, em certas espécies, o alongamento das células pode ser uma vantagem evolutiva, uma vez que os gametas sexuais são lentos e não conseguem se locomover bem até o óvulo – é o caso dos ostracodos atuais. Mas qual o momento evolutivo exato em que essa característica surgiu, por que permanece até hoje e por que algumas espécies evoluíram para ter células pequenas e rápidas em vez de grandes e lentas ainda são perguntas que precisam ser investigadas mais a fundo.

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