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Espiãs da Amazônia: como as árvores podem denunciar o garimpo ilegal

Os troncos das árvores absorvem a fumaça do mercúrio queimado e podem indicar locais de mineração de ouro.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 11 abr 2025, 14h53 - Publicado em 10 abr 2025, 14h00

O garimpo ilegal na Amazônia é um problema que se arrasta há centenas de anos. Os solos da floresta, hoje já bastante explorados, guardam apenas vestígios do que um dia foi um solo rico em ouro. Ainda assim, o metal continua a alimentar a mineração criminosa. Agora, um novo estudo aponta que a própria floresta pode ajudar no combate a esse crime.

Atualmente, para encontrar o ouro, os garimpeiros adicionam mercúrio (Hg) ao solo, fazendo com que as pequenas partículas douradas se liguem ao metal líquido. Essa liga, que tem um ponto de fusão muito mais baixo do que o ouro, é então queimada para separar o metal valioso do mercúrio.

O grande problema é que esse processo libera vapores tóxicos, perigosos tanto para a saúde humana quanto para o ecossistema ao redor. Para piorar, localizar essas operações ilegais é difícil. No início do ano, por exemplo, a Polícia Federal encontrou escavações subterrâneas construídas para escapar da fiscalização.

Pensando nisso, uma equipe de pesquisadores analisou os anéis de crescimento de árvores nativas da Amazônia para investigar se elas poderiam indicar onde e quando o mercúrio foi liberado no ambiente. O estudo foi publicado na Frontiers in Environmental Science

“Mostramos que os núcleos das árvores de Ficus insipda podem ser usados ​​como biomonitor para caracterizar a pegada espacial e potencialmente temporal das emissões de mercúrio da mineração artesanal de ouro nos neotrópicos”, disse a Dra. Jacqueline Gerson, professora assistente de engenharia biológica e ambiental na Universidade Cornell, em comunicado.

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Para isso, a equipe coletou amostras do núcleo de figueiras em cinco locais diferentes. Três delas vinham de áreas situadas a cerca de 5 km de cidades mineradoras, onde a queima de amálgama liga metálica que contém mercúrio é uma prática comum. As outras duas amostras foram retiradas de regiões afastadas das atividades de mineração, sendo uma próxima a áreas de floresta protegida.

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O mercúrio foi identificado nos troncos das árvores coletadas perto dos garimpos, em concentrações significativamente mais altas. Já as árvores de regiões distantes apresentaram níveis bem mais baixos do metal.

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“Concentrações mais elevadas de mercúrio na atmosfera estão geralmente associadas a locais de mineração próximos”, explicou Gerson em comunicado. “Na Amazônia, a associação entre maiores concentrações de Hg e a proximidade de um local de mineração pode ser facilmente estabelecida.”

Além disso, os níveis mais altos de mercúrio nas figueiras próximas às áreas de mineração também coincidiram com o aumento da queima de amálgama, prática que se intensificou após o ano 2000.

Embora as árvores não funcionem como um GPS, capaz de indicar a localização exata da queima do minério, as altas concentrações do metal pesado podem servir como indicadores  da presença de atividade ilegal nas proximidades. “A Ficus insipida pode ser usada como uma ferramenta barata e poderosa para examinar grandes tendências espaciais nas emissões de Hg nos neotrópicos,” concluiu Gerson.

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