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Esta é a melhor foto já tirada da superfície do Sol

Não é ouro: são "bolhas" de plasma do tamanho da França – um registro inédito que nos ajudará a desvendar vários mistérios.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 31 jan 2020, 11h20 - Publicado em 31 jan 2020, 11h18

Apesar de todos os avanços da astronomia nas últimas décadas, nosso Sol continua sendo um lugar bastante enigmático. Não sabemos, por exemplo, como funcionam exatamente os ventos solares, e nem porque a atmosfera externa da estrela, chamada de coroa, é bem mais quente do que sua superfície (a temperatura da coroa pode atingir 1,1 milhões de graus Celsius, enquanto a da superfície chega a “míseros” 6 mil graus). Mas novas pesquisas estão começando a revelar mais sobre o astro – incluindo suas fotos mais detalhadas até agora.

Os novos registros foram feitos pelo telescópio Solar Daniel K. Inouye (DKIST) localizado no Havaí (EUA), e mostram uma superfície rachada e fragmentada, que lembra milho de pipoca ou favos de mel. Ela é formado por “células” de plasma (isto é, gás tão quente que seus elétrons escapam dos átomos) que recebem calor do centro da estrela, crescendo violentamente de tamanho.

Os centros de cada célula representam o ponto em que o plasma quente está inchando e se expandindo, enquanto as bordas pretas mostram o momento que o plasma esfria, retrocede e cai de volta à superfície, como um caldo borbulhante sempre em movimento (veja no vídeo abaixo).

Apesar de na foto parecerem pequenas, cada uma dessas células é enorme, com áreas que superam a da França, por exemplo. 

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A nova foto é tão detalhada que capturou até estruturas bem menores, com apenas 30 km de largura, algo nunca antes observado diretamente pelos cientistas. Segundo Thomas Rimmele, diretor do DKIST, a imagem tem uma resolução cinco vezes maior do que as fotos do segundo melhor telescópio solar existente até então. 

O telescópio faz parte do Observatório Solar americano e é o maior de todos os telescópios solares existentes, possuindo um espelho de quatro metros de altura. Ele está localizado no vulcão Haleakalā na ilha havaiana de Maui, que tem mais de três mil metros. Para lidar com o intenso calor da luz solar sem que o espelho derreta, o equipamento é constantemente resfriado por um sofisticado mecanismo que inclui enormes tanques de gelo e potentes jatos de ar frio. 

Uma nova era de astronomia solar

A fotografia é a primeira das muitas observações esperadas por parte do telescópio DKIST, mas ele não é o único a começar a explorar nossa estrela. A Sonda Solar Parker, da Nasa, foi lançada em 2018 e está se aproximando cada vez mais do Sol enquanto coleta dados inéditos e bastante reveladores. Enquanto isso, o Orbitador Solar da Agência Espacial Europeia (ESA) está previsto para ser lançado em 7 de fevereiro de 2020 e também promete oferecer fotos incríveis, como o primeiro registro dos polos da estrela. 

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Em conjunto, essas três iniciativas podem revelar muito sobre nosso relativamente desconhecido Sol, no que muitos estão chamando de uma “nova era da astronomia solar”.

Estudar o Sol é importante não apenas para resolver mistérios como os do começo desse texto, mas também porque ele afeta diretamente nossa vida aqui na Terra. Erupções solares, por exemplo, podem prejudicar as tecnologias de GPS, operações e lançamentos de naves espaciais e até as redes de energia e comunicações que usamos aqui. Atualmente, não há nenhum modo de prever o clima solar, o que significa que ficamos despreparados diante essas possibilidades.

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