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Conheça KELT-9b, o planeta mais quente já descoberto

Ele atinge 4.300 ºC – mais do que algumas estrelas. Devido ao calor, as moléculas de hidrogênio de sua atmosfera não conseguem permanecer unidas.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 28 jan 2020, 19h22 - Publicado em 28 jan 2020, 19h14

O que você considera como uma temperatura quente? 30ºC? Quem sabe 35ºC? Isso não chega nem perto da temperatura de KELT-9b, que pode chegar a incríveis 4.300 ºC. Haja ventilador.

O KELT-9b foi descoberto em 2017 e é um exoplaneta – nome dado aos planetas fora do Sistema Solar. E bota fora nisso: ele está a uma distância de 670 anos-luz da Terra.

Certo, mas o que ele tem de interessante? KELT-9b é os que os astrônomos chamam de “Hot Jupiter”: gigantes gasosos (daí a referência à Júpiter) cujas órbitas são tão próximas a uma estrela que é impossível abrigar vida. Mas este exoplaneta tem algo além: ele é o mais quente já encontrado pelos cientistas.

KELT-9b pertence ao sistema KELT-9, uma estrela com massa 2,5 vezes maior que o Sol – e duas vezes mais quente que também. A temperatura do exoplaneta (4.300ºC), além de ser a maior já registrada, é “apenas” dois mil graus menor que a da nossa estrela.

“Tá pegando fogo, bicho”

O KELT 9-b foi descoberto em 2017, graças ao Kilodegree Extremely Little Telescope (KELT), um sistema de observação astronômica que busca por exoplanetas. Ele combina dados de telescópios de dois locais distintos da Terra: um na África do Sul, o outro no estado do Arizona, EUA.

A título de comparação, ele possui uma massa três vezes maior que Júpiter, e fica tão próximo à sua estrela que o período de translação é curtíssimo: 36 horas, ou um dia e meio para a orbitar completamente. Além disso, sua rotação é sincronizada, assim como a da Lua aqui na Terra. Ou seja: apenas um lado de KELT 9-b está constantemente virado para a sua estrela.

O exoplaneta esquentadinho voltou a ficar em evidência nesta semana, quando a Nasa, a agência espacial norte-americana, descobriu que, devido ao calor intenso, as moléculas de hidrogênio presentes na atmosfera do KELT 9-b não conseguem permanecer unidas – estão se fragmentando.

O estudo, publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters, chegou a essa conclusão com base em observações feitas com o Spitzer, telescópio da Nasa sensível a infravermelho (e que, em breve, será aposentado). O que eles descobriram foi que existe uma espécie de ciclo: o hidrogênio do lado visível do exoplaneta se desintegra devido ao calor e flui para o seu outro lado, cuja temperatura é mais “amena” (quase 2.300ºC).

As moléculas, então, voltam para o lado mais quente, onde voltam a se fragmentar, reiniciando o ciclo. O gif abaixo, feito para Nasa, simula todo esse processo dos gases atmosféricos:

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O gás hidrogênio, então, só consegue se reconstituir quando vai para o lado de KELT em que sempre é noite – um processo conhecido como “dissociação e recombinação”. Esse foi o modelo que melhor se encaixou nos testes dos cientistas, que acreditam que esse efeito não seja exclusivo do nosso amigo caliente.

“Existem alguns outros ‘Hot Jupiters’ e até ‘Ultra Hot Jupiters’ que não são tão quentes quanto o KELT, mas ainda quentes o suficiente para que esse efeito ocorra”, explica Megan Mansfield, aluna da Universidade de Chicago e principal autora da pesquisa em comunicado.

O estudo, contudo, não conseguiu concluir por que o ponto mais quente de KELT 9-b mudava de lugar ao longo das medições – mas sugere que os efeitos magnéticos da atmosfera podem ter relação com isso. De qualquer forma, a descoberta tem sido considerada um importante avanço tecnológico na procura dos exoplanetas, sejam eles extremamente quentes ou não.

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