Essa macabra lagarta carnívora constrói armaduras com pedaços de insetos mortos
Nova espécie descoberta foi apelidada de “colecionadora de ossos” por cientistas e está criticamente ameaçada de extinção.
Cientistas da Universidade do Havaí descobriram uma nova espécie de lagarta com um comportamento para lá de macabro: depois de comer insetos, a predadora usa pedaços de seus corpos para construir uma espécie de “armadura”, que veste para proteção e camuflagem. Por conta dessa bizarrice, os cientistas apelidaram a dita-cuja de “colecionadora de ossos”.
A lagarta em questão é a primeira fase da vida de uma mariposa do gênero Hyposmocoma, grupo de insetos que só existe no Havaí. A nova espécie é tão rara que só é encontrada em uma montanha específica de Oahu, uma das ilhas que compõem o arquipélago americano.
A esmagadora maioria das lagartas de lepidópteros (grupo que inclui borboletas e mariposas) é herbívora, e aí vem a primeira bizarrice da colecionadora de ossos: ela pertence aos 0,1% das representantes carnívoras entre as mais de 200 mil espécies de lagartas.
Mas a história fica muito mais sombria: essa predadora vive exclusivamente em teias de algumas aranhas, onde se aproveitam das presas capturadas pelos aracnídeos para comer. Para essa missão elas estão muito bem equipadas: constroem uma espécie de casulo de seda sobre seus corpos para se proteger, e “colam” partes dos insetos mortos e capturados neste disfarce.
Os pesquisadores acreditam que essa estratégia é usada para proteção e também para camuflagem, a fim de enganar a aranha que não percebe que aquela lagarta é uma intrusa que está roubando sua comida, e não um inseto capturado que servirá de jantar depois.
“A lagarta coletora de ossos é um exemplo de quão incrível e imprevisível a evolução no Havaí pode ser”, diz Dan Rubinoff, professor da Universidade do Havaí em Mānoa e autor do estudo. “Essas não são apenas as únicas lagartas do mundo que decoram suas casas com partes de corpos [de insetos], mas também provavelmente as únicas que vivem em teias de aranha. Isso é algo que nunca imaginamos ser possível.”
A espécie não é exatamente nova: há pelo menos 20 anos cientistas já sabiam da sua existência. Mas ela é tão rara que, nestas últimas duas décadas, só 63 indivíduos foram registrados pelos biólogos. E só agora um artigo científico foi publicado na revista Science descrevendo a espécie.
Os pesquisadores registraram também alguns episódios de canibalismo nessa espécie, o que torna a colecionadora de ossos ainda mais assustadora.
Apesar da descrição digna de filme de terror, não se engane: a pobre lagarta é a vítima. A espécie recém-descoberta está criticamente ameaçada de extinção, existindo só em algumas teias de aranha de uma montanha específica do estado americano.
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