PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Estrela da Morte? China quer “pendurar” lua artificial no céu de Chengdu

Ao melhor estilo "show de Truman", o satélite de mentirinha servirá de iluminação pública. O lançamento está prometido para 2020.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 out 2018, 08h46 - Publicado em 23 out 2018, 08h41

Gru, de Meu Malvado Favorito, já pode roubar a Lua à vontade: a cidade de Chengdu, na China, tem planos de instalar outra no céu em 2020. É bom deixar claro que esse satélite pseudonatural não será pendurado em um guindaste: ele de fato ficará em órbita, ainda que uma órbita bem mais baixa que a da Lua de verdade.

O bibelô gigante, aos olhos de quem está na superfície da Terra, parecerá 8 vezes mais brilhante que o astro propriamente dito, e iluminará uma área com diâmetro de 80 quilômetros.

Segundo o portal de notícias local People’s Daily, a ideia de construí-lo é de uma empresa chamada Chengdu Aerospace Science and Technology Microelectronics System Research Institute, sobre a qual não há mais informações: esta é a primeira vez que a dita cuja é mencionada nos jornais (tanto os chineses quanto europeus e americanos). A novidade foi anunciada durante uma enorme feira de empreendedorismo e inovação organizada em Chengdu em 10 de outubro. 

O chairman da empresa, Wu Chunfeng, está entusiasmado. Mas ainda não explicou como, exatamente, fará para que a trajetória do satélite-lâmpada o mantenha flutuando precisamente sobre Chengdu, 24 horas por dia, 7 dias por semana.

O problema é o seguinte: um satélite que se mantém sempre sobre o mesmo ponto da superfície da Terra precisa não só ser geossíncrono (isto é, completar uma volta em torno do planeta a cada 24 horas) como ser geoestacionário (ou seja: fazer isso sem oscilar no sentido norte-sul). Veja no GIF abaixo.

Continua após a publicidade
Geosynchronous_orbit
(Talifero/Domínio Público)

Todos os satélites que fazem isso, hoje, sobrevoam a linha do Equador (Chengdu fica longe, no Trópico de Capricórnio). Não tem outro jeito: se você inclinar a elipse que o satélite percorre em torno da Terra para cima ou para baixo, como se ela fosse um aro girando em torno do planeta, ele obviamente passará a circular entre os dois hemisférios em vez de se fixar sobre um ponto só. E aí, outras cidades que não tem nada a ver com a história acabarão recebendo visitas diárias da Lua fake.

A empresa não deu nenhuma declaração sobre a física por trás do feito, mas um representante rebateu especialistas em ecologia que estão preocupados com a poluição luminosa gerada pelo artefato. Disse que a dose extra de luz durante a noite não vai interferir na vida dos animais por ser bastante suave, próxima da luminosidade do crepúsculo.

Continua após a publicidade

Isso é bastante questionável: além de haver evidências científicas abudantes de que qualquer alteração de luminosidade interfere na dinâmica dos ecossistemas, a poluição luminosa tem outras consequências, como interferir nas observações astronômicas (sem as quais, é bom deixar claro, não seria possível planejar o lançamento de satélites).

Essa não é a primeira vez que alguém tenta acender o céu de brincadeira. No século 19, inventores franceses imaginaram um anel de espelhos que daria a volta na Terra, refletindo a luz solar de maneira que Paris fosse constantemente iluminada. Mais recentemente, na década de 1990, o governo russo fez experimentos com espelhos no espaço. Objetivo era aquecer as cidades do extremo norte que encaram as longas noites do Ártico no inverno.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.