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Falta de dopamina pode estar por trás do Alzheimer

O neurotransmissor, responsável pelas sensações de ânimo e bem-estar, também ajuda na memória – e a falta dele pode engatilhar a doença.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
4 abr 2017, 18h49
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  • O mal de Alzheimer é uma doença neurológica incurável que causa degenera a memória e a capacidade de raciocínio. Mas sua origem, afirma uma pesquisa publicada ontem na Nature, não está no hipocampo, a região do cérebro que guarda lembranças fresquinhas – e sim na área tegmental ventral (ATV), famosa por sediar nosso circuito de recompensa. Inesperado? Sim, mas faz todo o sentido. Acompanhe:

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    Quando você faz algo satisfatório – como matar a fome, beber água, ver o crush e, no caso de dependência química, fumar um cigarro ou usar cocaína – sua ATV libera uma molécula famosa, a dopamina. Ela é um neurotransmissor, uma espécie de mensageiro químico que faz você se sentir bem e te dá estímulo para repetir uma ação benéfica (as drogas só iludem esse mecanismo, forçando a liberação de dopamina a troco de nada). Assim, a dopamina está por trás da sua motivação para encarar o dia – o déficit dessa molécula espevitada é uma das causas da depressão. 

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    Com isso em mente, o neurofisiologista italiano Marcello D’Amelio percebeu que a demência na terceira idade está associada a uma coleção mais ampla de sintomas – entre eles, justamente o desânimo e a falta de interesse característicos da depressão. E foi procurar, no interior do cérebro, evidências biológicas e químicas dessa associação entre motivação e memória, que é uma famosa situação “ovo ou galinha”: você entrou em depressão porque não consegue lembrar o próprio endereço ou esquece o próprio endereço porque entrou em depressão?

    Analisando cérebros de ratinhos de laboratório, D’Amelio primeiro chegou a conclusões previsíveis, que batem com o consenso científico: com o passar do tempo, a degeneração dos neurônios “fabricantes” de dopamina vem acompanhada de uma queda notável no entusiasmo e na motivação de vítimas de Alzheimer. Depois vieram as surpresas: é justamente a falta dessa dose reforçada de dopamina que tira do hipocampo a capacidade de armazenar memórias recentes com eficiência. Em outras palavras, com a ATV danificada, seu disco rígido “entra em depressão” e dá defeito – mesmo que o hardware ainda não tenha sofrido nenhum dano, ou seja, que você ainda não tenha perdido nenhum neurônio diretamente responsável por armazenar informações.

    Para provar a associação, D’Amelio e sua equipe fizeram o processo ao contrário: ministraram uma dose reforçada de dopamina aos camundongos deficientes. Foi tiro e queda: eles recuperaram, ao mesmo tempo, o ânimo e as lembranças. “Perda de memória e depressão são dois lados da mesma moeda”, afirmou o pesquisador à agência de notícias italiana ANSA. No artigo, ele lembra que a associação entre dopamina e memória já era conhecida. “Estudos anteriores já haviam mostrado que medicamentos capazes de aumentar a transmissão dopaminérgica no hipocampo e no córtex [outra área do cérebro associada à memória] podia melhorar as funções sinápticas, impedimentos cognitivos e déficits de memória em pacientes de Alzheimer.” A novidade, portanto, não é o possível tratamento, mas o fato de que a depressão vem antes do esquecimento – e pode servir de alarme para a doença.  

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