Estudando a Dinoponera quadriceps, uma formiga que habita as matas do Recôncavo Baiano, os pesquisadores Thibaud Monnin e Christian Peeters, da Universidade de Paris, mostraram até que ponto chega a disputa pelo poder na natureza. Entre as dinoponera, a fêmea castra e mata seu parceiro após o acasalamento. Guarda o esperma do macho num órgão especial de seu corpo e nunca mais copula de novo. Embora todas as operárias possam se reproduzir, só uma conquista o direito de se acasalar, no tapa, transformando-se na chamada formiga alfa. “As operárias brigam entre si”, diz o biólogo Carlos Roberto Brandão, da Universidade de São Paulo. “A que bater mais domina o grupo.” A vida dos machos se resume a procurar uma alfa, namorar e morrer nas patas da sua cara-metade. “Mas ele não deve se importar”, brinca Monnin. “Dificilmente encontraria uma outra alfa virgem.”
Uma única lua-de-mel
Depois de copular com o macho, a dinoponera fêmea desiste da vida sexual.
1. Entre as formigas dinoponera, o direito à reprodução é disputado a ferroadas. Só a vencedora, chamada alfa, poderá se acasalar com um macho
2. O macho sobe nas costas da alfa, vencedora da disputa, e introduz o órgão reprodutor, onde estão os espermatozóides. A cópula dura minutos.
3. Fertilizada, a fêmea dobra o abdômen e, assim, arranca o órgão genital do parceiro, que fica preso ao seu corpo. Castrado, o macho morre.
4. A viúva se livra do órgão do macho. E guarda o esperma dentro de seu corpo para usar pelo resto da vida. Ela nunca mais se acasalará de novo.