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Grandes descobertas

Os eventos mais marcantes do ano nas principais áreas

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 1 dez 2005, 00h00

Reinaldo José Lopes

Boa ciência se faz aos pouquinhos, peça por peça. É muito raro que descobertas realmente revolucionárias, com potencial para mudar o cotidiano ou a maneira como encaramos o mundo, apareçam sem anos de muita quebração de cabeça e experimentos chatos. A lista a seguir traz os grandes achados de 2005 – todos resultado de longos anos de pesquisas. É o caso do “caminhão” de clones (11 humanos e 1 canino) que os perseverantes coreanos da Universidade Nacional de Seul apresentaram. Eles jamais teriam chegado tão longe se não tivesse existido uma certa ovelha chamada Dolly há quase uma década. Da mesma forma, a sonda Huygens só pousou na distante Titã, uma das luas de Saturno, graças à experiência da Nasa de fazer robôs descer em Marte, bem mais perto. Nestas páginas, você vai encontrar um resumo dos grandes eventos em várias outras áreas (meio ambiente, genética, arqueologia, energia). Aprecie a viagem – e não se esqueça de quem veio antes.

MEIO AMBIENTE – O LADO BOM DO AEROSL

Reduzir a poluição causada pelos aerossóis – partículas em suspensão na atmosfera, compostas principalmente por fuligem e enxofre – pode virar um enorme tiro pela culatra. Estudo de pesquisadores britânicos e alemães revelou que os aerossóis, na verdade, seguravam o aquecimento global. Isso porque eles rebatem a luz solar para o espaço, estimulando a formação de nuvens (que também funcionam como barreiras para a energia do Sol). Ainda é difícil quantificar a influência exata dos aerossóis nesse processo todo, mas as estimativas mais otimistas indicam que, sem eles, a temperatura global poderia subir 4o Celsius até 2100 – as pessimistas falam em um aumento de até 10o, o que nos colocaria “dentro” de uma churrasqueira. Como os aerossóis podem causar doenças respiratórias, o único jeito de lutar contra a alta dos termômetros é diminuir as emissões de gás carbônico, o verdadeiro vilão da história.

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ASTRONOMIA – UM FEITO DE TITÃ

A lista de recordes é de deixar qualquer um morrendo de inveja. A sonda Huygens, carregando a espaçonave Cassini, é o objeto humano que fez o pouso mais distante da história e também o primeiro a chegar a uma lua de outro planeta. Em janeiro, ela desceu em Titã, o misterioso satélite de Saturno, e começou a decifrar a história desse astro. Titã é importante por diversos motivos: é uma das maiores luas do sistema solar e a única com uma atmosfera significativa. Apesar de gelada (temperaturas abaixo dos -100 oC), parece ter os mesmos “tijolos” básicos, principalmente compostos de carbono e água, que deram origem à vida na Terra. A Huygens detectou gases como metano, que podem ter sido produzidos por micróbios nativos. E a Cassini continuará investigando isso e muito mais pelo menos até 2008.

ASTRONÁUTICA – IMPACTO PROFUNDO

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Só o cinema poderia fazer melhor: em 4 de julho, dia da independência dos EUA, pesquisadores da Nasa comemoraram a chegada ao alvo do primeiro artefato humano feito especificamente para se espatifar contra um cometa. Um dos módulos da sonda Deep Impact acertou em cheio o Tempel-1, que viajava pelo espaço a 30000 km/h. Do tamanho de uma máquina de lavar, o bólido abriu um rombo no corpo celeste e fez com que uma nuvem de poeira se levantasse. O objetivo era estudar tanto a composição dos cometas, ainda pouco cohecida pela ciência, quanto as próprias origens do sistema solar. É que os cometas mudaram muito pouco desde o início dos tempos e acredita-se que eles guardem um registro dessas eras primitivas. Um dos dados obtidos com a colisão é de cair o queixo: o Tempel-1 parece ser mais uma bola de areia fina do que um pedaço de rocha e gelo, como se acreditava antes.

ANTROPOLOGIA – A RAIZ DA ÁRVORE

Uma datação mais precisa feita em dois fósseis encontrados nos anos 60 deu uma idade surpreendente aos primeiros membros da nossa espécie, a Homo sapiens: quase 200 mil anos. O estudo, feito por cientistas da Universidade Nacional Australiana e da Universidade Stony Brook, nos EUA, recuou em quase 30 mil anos o registro dos humanos modernos. Os fósseis, conhecidos como Omo 1 e Omo 2, vêm da Etiópia, assim como o vestígio mais antigo de Homo sapiens encontrado anteriormente. Para ter uma idéia de sua antiguidade, basta dizer que os neandertais mal estavam surgindo na Europa quando os etíopes, com feições ligeiramente mais primitivas que as nossas, já andavam pela África. O achado reforça a hipótese de que os humanos modernos se originaram no continente africano e de lá partiram para o resto do mundo.

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GENÉTICA – SEPARADOS NO NASCIMENTO

Foi o último prego no caixão do nosso orgulho como espécie. O mapa genético completo do chimpanzé comum (Pan troglodytes) foi revelado por biólogos em setembro e a conclusão inegável é que ele é absurdamente parecido com o nosso. A semelhança global fica em torno de 96%, mas quando se leva em conta apenas os pedaços de DNA com função conhecida, ela sobe para 99%! Com tanta similaridade entre humanos e seus primos de 1º grau, a velha pergunta sobre o que faz de nós humanos continua tão misteriosa como sempre. Ainda na área genômica, o mundo teve 3 boas notícias: o mapeamento do DNA de 3 dos maiores parasitas unicelulares que atormentam países pobres, o Trypanosoma cruzi, que causa o mal de Chagas; o Trypanosoma brucei, micróbio da doença do sono; e um dos tipos de Leishmania, responsável pela leishmaniose. Graças a essas descobertas, o caminho para a cura dessas doenças está um pouco mais curto.

ESPAÇO – VIZINHO DISTANTE

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Astrônomos americanos finalmente descobriram o 10º planeta do sistema solar. Sim, você já ouviu isso antes, mas agora é diferente. O corpo celeste achado a 14,5 bilhões de quilômetros do Sol é provavelmente 1,5 vez maior que Plutão, o antigo “último planeta” da nossa vizinhança. O único problema é que tanto Plutão quanto o novo astro estão numa região do espaço que provavelmente abriga centenas, senão milhares, de corpos parecidos. Talvez seja o caso de rebaixar Plutão de seu atual status, mas os cientistas ainda não chegaram a um acordo sobre essa questão. Enquanto isso, fora do sistema solar mais um planeta foi achado – e trata-se do primeiro rochoso, ou seja, com a mesma estrutura geológica da Terra (antes, todos eram gigantes gasosos, assim como Júpiter). Ele tem cerca de duas vezes o diâmetro do nosso lar e está a 15 anos-luz de distância.

PALEONTOLOGIA – EM BREVE, JURASSIC PARK

Continua impossível obter o DNA de um dinossauro e trazê-lo de volta à vida, mas paleontólogos dos EUA, liderados por Mary Higby Schweitzer e Jack Horner, retiraram a parte mineral do osso fossilizado de um tiranossauro morto há 70 milhões de anos e conseguiram recuperar vasos sanguíneos, células e talvez até núcleos celulares . Além disso, fósseis chineses estudados pelo Museu Americano de História Natural também provaram que os primeiros mamíferos não eram apenas pequenos e tímidos – ao menos uma espécie devorava dinos. Os ossos de um filhote de dino estavam no estômago de um Repenomamus robustus.

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CLONAGEM – CÓPIAS, PRA QUE TE QUERO

O coreano Woo Suk Hwang e seus colegas, que já haviam clonado um embrião humano em 2004, apresentaram em maio mais 11 clones. A idéia, porém, não é produzir cópias de humanos, mas utilizar os embriões como fonte de células-tronco, capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo, de neurônios a músculos. É por isso que eles foram desenvolvidos com material genético de pessoas com lesões na medula espinhal, diabetes tipo 1 e CGH (uma doença grave do sistema imunológico). Por terem o DNA idêntico ao dos doentes, essas células-tronco poderiam, em tese, regenerar os tecidos dos pacientes. Hwang provou que isso é possível, mas resta um longo caminho até que a idéia vire realidade. De quebra, a equipe de Seul anunciou a clonagem do primeiro cão, um galgo afegão apelidado de Snuppy.

ENERGIA – CONSÓRCIO LIMPEZA

Um projeto essencial para o futuro da humanidade ganhou sinal verde em junho. É o Iter (sigla para Reator Internacional Termonuclear Experimental), a primeira usina que vai produzir energia por meio da fusão nuclear de forma economicamente viável. A fusão, mesmo tipo de reação que produz o calor do núcleo das estrelas, promete gerar energia de forma quase totalmente limpa, usando um combustível mais do que abundante: o hidrogênio presente na água dos oceanos. Com o acordo firmado por União Européia, EUA, Rússia, Japão e Coréia do Sul, o Iter será construído em Cadarache, França, por R$ 13 bilhões. A idéia é controlar a reação na qual dois átomos de hidrogênio, ao se fundir, produzem hélio e quantidades exorbitantes de energia. Se der certo, reatores como o Iter poderão resolver os problemas energéticos por milhares de anos.

ARQUEOLOGIA – LANÇAMENTOS DA GRéCIA ANTIGA

Nem J.K. Rowling, criadora da série Harry Potter, seria capaz de enrolar tanto para colocar um livro na praça: 2500 anos. Mas, dessa vez, a culpa não foi do autor, o grego Sófocles. É que uma de suas obras, a tragédia Epígonoi, ficou perdida durante séculos e só foi recuperada graças ao uso de uma técnica de imagens infravermelhas aperfeiçoada por pesquisadores britânicos e americanos. A equipe, liderada por Dirk Obbink, usou a tecnologia para enxergar fragmentos de texto praticamente ilegíveis em papiros da cidade egípcia de Oxyrhynchus. Junto com o texto de Sófocles, que só era conhecido por citações, há também obras de artistas como Partênio, Arquíloco e Menandro, mais trechos de evangelhos apócrifos (que não constam da Bíblia). Obbink estima que ainda serão necessários muitos anos de análise para desenterrar toda a riqueza desses papiros.

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