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Há 68 planetas no ângulo perfeito para observar o Sistema Solar

Sorria, você não está sendo filmado: desses 68, 9 estão em posição ideal para detectar a Terra. Mas nenhum é considerado habitável, de acordo com astrônomos.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 jan 2023, 18h22 - Publicado em 11 set 2017, 17h48

Desde que foi lançado, em 2009, o telescópio espacial Kepler detectou mais de 4 mil potenciais exoplanetas. Segundo a Nasa, só temos certeza da existência de 2,3 mil deles. Destes, 30 são rochosos, mais ou menos do tamanho da Terra e estão na zona habitável de suas estrelas, o que os torna sérios candidatos a abrigar vida como a conhecemos (baseada em carbono, oxigênio e outros elementos familiares da tabela periódica).

Astrônomos sabem disso pelo método Sherlock Holmes, com o máximo de dedução e o mínimo de informação. O detetive britânico, na obra Silver Blaze, conclui que o suspeito tinha que ser frequentador da casa em que ocorreu o crime porque o cachorro não latiu quando ele entrou (esse spoiler já é domínio público). De forma análoga, astrônomos sabem que uma estrela tem um ou mais planetas em sua órbita não porque veem os planetas em si, mas porque percebem que a estrela brilha menos em intervalos regulares – justamente quando os planetas estão passando na sua frente e fazem um pouco de sombra.

Observação direta, claro, é impossível. Astros de porte similar ao do nosso, além de minúsculos na escala cósmica, estão a muitos anos-luz daqui e não emitem luz própria. Se uma estrela já parece um pontinho no céu, imagine só um planeta com diâmetro cem vezes menor?

A sacada é linda. Mas seria muita pretensão nossa achar que só a Terra deu bons detetives. Qualquer alienígena da Via Láctea com mais de dois neurônios e um telescópio bom de verdade pode apontá-lo para o Sol. E assim como nós perceber que, em intervalos regulares, sua luz é ofuscada por algum dos oito planetas que passam na sua frente o tempo todo – inclusive o nosso, que é, nas palavras de Jimi Hendrix, “a terceira pedra a partir do Sol”. Bingo: nessa situação hipotética, uma civilização com tecnologia similar à nossa já teria a Terra (ou Marte, ou Júpiter ou qualquer outro vizinho) em seus registros.

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Qual deles? Aí a conta fica mais difícil. “Planetas maiores naturalmente bloqueiam mais luz conforme eles passam na frente de suas estrelas”, afirmou em comunicado Robert Wells, que identificou, em um estudo, 68 exoplanetas que estão em uma posição privilegiada para detectar o Sistema Solar usando mesmo método que nós aplicamos por aqui. “Acontece que o fator mais importante é a distância entre o planeta e a estrela que o hospeda. Como os planetas rochosos [Terra , Marte etc.] estão muito mais próximos do Sol que os gigantes gasosos [Saturno, Júpiter etc.], é mais provável que eles sejam vistos passando na frente dele.”

Um observador posicionado de maneira aleatória teria apenas 2,51% de chance de observar um dos planetas do Sistema Solar. A chance de observar dois ao mesmo tempo é dez vezes menor, o,22%. Dos 68 planetas que estão na posição ideal para observar o Sistema Solar, só 9 veriam a Terra. Nenhum desses 9 é considerado habitável, ainda bem.

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Esses valores são minúsculos em comparação ao número de exoplanetas que efetivamente existem por aí. Isso acontece porque, para ver a Terra (ou qualquer outro planeta), não basta ser capaz de observar o Sol: é preciso, como já explicado, observá-lo de um ângulo em que os planetas passem na sua frente e ofusquem sua luz. Tudo questão de perspectiva. Se você aplicar isso ao mapa do céu, é possível traçar uma linha que une os lugares de onde seria possível detectar a existência do nosso sistema planetário caso houvesse alguém lá fora para observá-lo. Veja a ilustração a seguir. A linha azul corresponde ao à Terra. As demais, aos outros sete planetas do Sistema Solar.

Ou seja: nossa privacidade está garantida, mas a recíproca é verdadeira. Da mesma forma que pouquíssimos ETs teriam a chance de ver a Terra, deve haver muitas Terras por aí, debaixo do nosso nariz, que nós nunca chegaremos a ver.

(2MASS / A. Mellinger / R. Wells/Divulgação)
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