Cérebros têm “impressão digital” que pode ser detectada em segundos, diz estudo
O órgão de cada pessoa tem padrões únicos de atividade, que podem ser identificados por um exame de ressonância magnética. Veja como.
Além dos minúsculos desenhos presentes nas pontas dos dedos, cada um de nós tem um padrão único da atividade do cérebro – uma “impressão digital” cerebral. E um estudo recente mostrou que ela pode ser identificada em apenas 100 segundos.
Esses padrões são conhecidos como conectomas – um mapa neural de um indivíduo. São obtidos principalmente por meio de exames de ressonância magnética, que observam o cérebro de alguém durante um intervalo de tempo. A partir disso, os cientistas geram gráficos coloridos que representam a atividade cerebral – e mudam de acordo com a atividade que o sujeito está fazendo e quais partes do cérebro estão sendo usadas durante a ressonância.
Enrico Amico, autor principal do novo estudo, afirma: “Minha pesquisa examina redes e conexões dentro do cérebro, a fim de obter uma maior percepção de como as coisas funcionam. E todas as informações que precisamos estão nesses gráficos”.
Esses mapas neurais podem identificar indivíduos e normalmente são obtidos a partir de um processo demorado. No estudo, Amico e seus colegas quiseram entender como diferentes escalas de tempo poderiam influenciar na geração das impressões. “Queríamos descobrir qual é o tempo mínimo necessário [de ressonância] para obter um conectoma confiável”, explica o pesquisador.
A equipe analisou dados de imagens cerebrais de 100 pessoas e descobriu que é possível criar conectomas em 1 minuto e 40 segundos – identificando corretamente seus donos em cerca de 95% das vezes.
O estudo também concluiu que as impressões obtidas em períodos mais curtos de tempo identificam principalmente a atividade em áreas do cérebro relacionadas à percepção visual e ao movimento dos olhos. Já ressonâncias feitas em intervalos mais longos (cerca de 5 minutos) geram mapas neurais que representam funções cognitivas mais complexas – relacionadas à linguagem ou à memória, por exemplo.
O próximo passo será comparar impressões digitais cerebrais de pessoas saudáveis e de quem sofre com Alzheimer. Descobertas iniciais indicaram que é mais difícil identificar pessoas com a doença neurodegenerativa com base em seus conectomas. A ideia é que mais estudos mostrem se as impressões cerebrais podem ser usadas para a detecção precoce de algumas condições neurológicas.
Segundo o pesquisador, “as oportunidades que essas descobertas podem criar são ilimitadas”. “Se as impressões cerebrais também puderem ser usadas para nos informar sobre doenças, esse tempo de varredura menor pode ter implicações clínicas importantes.”