Há dois anos, os pesquisadores do LEP, o acelerador de partículas de 27quilômetros de circunferência cravado no subsolo da fronteira entre França e Suíça, quebram a cabeça para desvendar um misterioso fenômeno. Capaz de medir a energia de minúsculas partículas resultantes da colisão entre elétrons e pósitrons com uma precisão de 20 milionésimos de unidade, o maior instrumento científico do mundo apresenta inexplicáveis variações de medidas de acordo com a época do mês em que cada experiência é realizada. “Verificamos cada parâmetro técnico que pudesse levar a tais flutuações de energia, mas nunca achamos qualquer defeito”, explicou o físico Albert Hoffman que trabalha no LEP.
“Só depois de termos esgotado todas as possibilidades é que começamos a desconfiar da Lua.” De fato, além de ser responsável pelo movimento das marés, o satélite provoca ínfimas deformações da crosta terrestre que resultam, por sua vez, em igualmente ínfimas deformações do anel de 26.659 ímãs que compõem o acelerador. Um milímetro de diferença na órbita dos feixes de partículas pode levar a um erro da ordem de 10 MeV (10 milhões de elétrons volts), ou, mais claramente, pode pôr a perder semanas de trabalho de mais de uma centena de cientistas. “A influência da Lua no LEP é uma grande demonstração da exatidão do nosso instrumento”, completa Hoffman.