Thiago Lotufo
Macaco viciado em trabalho? Isso mesmo. Barry Richmond, do Instituto Nacional de Saúde Mental, transformou macacos preguiçosos em workaholics ao impedir – por meio de uma técnica de genética molecular – que o cérebro deles recebesse dopamina, um neurotransmissor associado a mecanismos de recompensa.
O pesquisador bloqueou a ação do gene D2, que produz o receptor para a dopamina no cérebro. Com isso, a macacada deixou de distinguir labuta e prazer e desandou a trabalhar.
Em seu estudo, sete macacos tinham de puxar uma alavanca de acordo com uma seqüência de luzes. A tarefa era dividida em fases e, quando acertavam a última delas, recebiam suco. Quanto mais perto de serem recompensados, menos erros cometiam. Ou seja, assim como os humanos, eles se dedicam melhor a uma obrigação quando o prêmio pode ser vislumbrado num tempo curto.
“Sem dopamina, eles passaram a fazer a tarefa sem parar e com poucos erros porque não podiam mais prever quando seriam recompensados”, afirmou Richmond.
Longe desse negócio de ser workaholic e preservando o espírito Dorival Caymmi dos símios, um cientista escocês constatou que o bocejo também é contagioso entre chimpanzés – e que ele depende da empatia de um animal com outro. Quem você prefere: Caymmi ou um macaco viciado em trabalho?