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Mães com insônia têm quase duas vezes mais chance de ter bebês prematuros

Não se sabe ainda qual é o motivo, mas não dá para reclamar do número de voluntárias – o estudo envolveu 3 milhões de mães americanas.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 ago 2017, 17h03 - Publicado em 9 ago 2017, 16h46

Quando a mãe não consegue dormir, o bebê fica com pressa de sair. Rimas bobas à parte, essa foi a principal conclusão de um estudo publicado na Nature na última terça (8). Um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia (UFSC) analisou os prontuários de 3 milhões de mães norte-americanas em busca de fatores de risco para nascimentos prematuros – e descobriu que mulheres diagnosticadas com apnéia do sono ou insônia têm quase duas vezes mais chances de ter o bebê um mês e meio antes do tempo normal de gestação. Todas deram à luz em hospitais da Califórnia entre 2007 e 2012.

“Parece óbvio, mas esse estudo nunca havia sido feito”, afirmou à Nature Laura Jeliffe-Pawlowski, uma das autoras do artigo científico. “Perceber essa associação é importante porque nós precisamos muito de intervenções que possam fazer a diferença.” A médica se refere à alta taxa de nascimentos prematuros registrada todos os anos – preocupante até em países desenvolvidos, já que a medicina ainda não compreende tão bem como um grande número de variáveis contribui para o problema. A insônia, que pode ser causada por mudanças hormonais ou pelo desconforto com o tamanho da barriga, é comum em mulheres grávidas, e por isso mesmo costuma ser ignorada como fator de risco nesse tipo de estudo. Combatê-la, em vez de aceitá-la como uma parte normal da gestação, pode ajudar a combater os nascimentos prematuros.

 

Todos os anos, no mundo todo, 15 milhões de gestações terminam até três semanas antes do período ideal (40 semanas). Esses bebês, que não tiveram tempo de se desenvolver completamente, estão sujeitos a vários problemas de saúde – 1,1 milhão delas acabam morrendo. Segundo a Fiocruz, a taxa de prematuridade brasileira (11,5%) é quase duas vezes superior à observada nos países europeus. Em 41% dos casos, o problema não tem relação com a saúde da mulher: é resultado de cesáreas agendadas antes do tempo, um erro comum quando os médicos não avaliam corretamente, ao longo do pré-natal, a idade da criança. 

90% dos prematuros brasileiros nascem de cesáreas, contra 30% dos europeus – resultado da aplicação indiscriminada do método.

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