Maior planta do mundo é uma erva marinha do tamanho de 18 campos de futebol
Ela tem 200 km² de extensão e guarda múltiplas cópias do genoma em suas células.
Em 2022, pesquisadores australianos encontraram a maior planta do mundo – uma erva marinha da espécie Posidonia australis. Com 200 km² de extensão (o equivalente a 18,5 campos de futebol), ela está localizada na Área de Patrimônio Mundial de Shark Bay, na costa oeste da Austrália.
O estudo que encontrou a gigante começou na tentativa de identificar a diversidade genética das seres fotossintetizantes marinhos da região. A equipe colheu amostras de vegetais de vários ambientes ao longo da baía, analisando marcadores genéticos e criando uma base de dados comparável. Foi como criar um registro da impressão digital de cada planta e alga.
Porém, o que surpreendeu os cientistas foi que, em vez de várias “identidades”, todas as amostras tinham os mesmos marcadores. Ou seja: vinham de uma única planta.
“É isso, uma única planta se expandiu por mais de 180 km em Shark Bay, tornando-se a maior planta conhecida na Terra. Esses 200 km² existentes de prado parecem ter crescido a partir de uma única muda colonizadora,” afirma Jane Edgeloe, principal autora da pesquisa.
Por que ela é tão grande?
Um dos fatores que podem explicar o tamanho da planta australiana é a sua ploidia, termo usado para designar o número de conjuntos de cromossomos contidos em uma célula. Calma, vamos explicar.
As células podem ser haploides (ter um conjunto) , diploides (dois) ou poliploides (mais do que dois). Seres vivos têm diferentes números de cromossomos e, por consequência, grupos de diferentes tamanhos.
Nossas células, por exemplo, são majoritariamente diploides, carregando dois conjuntos de 23 cromossomos, totalizando 46. Porém, nossos gametas, os óvulos e os espermatozoides, são haploides – porque, na fecundação, um conjunto se soma ao outro.
A alga australiana é poliploide. Isso é relativamente comum em plantas, e pode ser particularmente útil a elas – dando um bônus no tamanho e até ajudando a manter certos genes benéficos, já que a capacidade de herdá-los é maior (afinal, com a poliploidia, há um maior número de cópias na jogada).
“As plantas poliploides geralmente residem em locais com condições ambientais extremas e são estéreis (não se reproduzem de forma sexuada), mas podem continuar a crescer se não forem perturbadas, e essa alga marinha gigante fez exatamente isso,” relata Elizabeth Sinclair, também autora do estudo.
“Mesmo sem produção bem-sucedida de sementes, ela parece ser realmente resiliente. Passou por uma gama de temperaturas e salinidades, além de condições extremas de luminosidade que, juntas, costumam ser altamente estressantes para a maioria das plantas.”
O grupo de pesquisadores planeja uma série de experimentos na Shark Bay, a fim de compreender melhor como a campeã da flora sobrevive em tais condições.