Morre a orca mais velha do mundo
Ela tinha mais de cem anos, e foi fundamental nas pesquisas sobre a menopausa e sua influência na evolução das espécies
No dia 3 de janeiro, pesquisadores anunciaram a morte de Granny (vovó, em inglês), a orca mais velha do mundo – com aproximadamente 105 anos de idade. Sua última aparição foi no dia 12 de outubro, no Estreito de Haro, no Oceano Pacífico, entre o litoral norte dos EUA e o litoral sul do Canadá.
Granny é monitorada por cientistas desde 1971, quando tinha em torno de 60 anos e era a matriarca de um grupo de baleias na região do Pacífico. Ela contribuiu nos estudos sobre o período reprodutivo, uma vez que as orcas são uma das únicas espécies de mamíferos que entram na menopausa – assim como o cetáceo baleia-piloto-de-aleta-curta e, claro, os humanos.
O objetivo da pesquisa era compreender o motivo pelo qual as fêmeas deixam de ter filhotes entre os 30 e 40 anos. Ao acompanhar a vida de Granny, foi possível descobrir que seu papel, principalmente no período pós-reprodutivo, era crucial para a sobrevivência de seu grupo.
“Granny compartilhava seu conhecimento sobre onde encontrar alimentos.Todos confiam em sua experiência e em seu conhecimento ecológico”, explica Darren Croft, professor de biologia da Universidade de Exeter e um dos coordenadores da pesquisa. O animal também cuidava dos filhotes de outras fêmeas e até alimentava machos mais velhos.
Com essas ações, uma das linhas de estudo investiga se as orcas em menopausa podem aumentar as chances de sobrevivência de suas famílias e, por consequência, de seus genes. Outro ponto considerado pelos cientistas é se a interrupção da reprodução seria impulsionada por outro fator: evitar que mães e filhas tenham bebês ao mesmo tempo.
Ainda restam muitas dúvidas e os estudos vão continuar. Mas, agora, sem a ajuda de Granny.