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National Geographic Society reconhece um novo oceano: o Antártico

Ele é o primeiro a circundar um continente inteiro, e corresponde às águas em torno da Antártica – que costumavam ser consideradas meras extensões dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 15 jun 2021, 15h35 - Publicado em 15 jun 2021, 15h28

Durante muito tempo, as águas que circundam a Antártica foram consideradas meras extensões ao sul dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico. Nem todos os cientistas estavam de acordo com isso, já que os mares congelantes guardam um ecossistema único. Agora, a separação está oficializada: no Dia Mundial dos Oceanos, em 8 de junho, a National Geographic Society declarou que o planeta Terra possui cinco oceanos, adicionando o chamado Oceano Antártico.

Os quatro oceanos já mapeados – Pacífico, Atlântico, Índico e Ártico – são definidos pelos continentes que os cercam, enquanto o Oceano Antártico vai contra esse padrão. É ele que forma um círculo ao redor de um continente inteiro, limitando-se a Corrente Circumpolar Antártica (ACC). Os pesquisadores acreditam que a ACC tenha surgido há 34 milhões de anos, quando a Antártica se separou da América do Sul. A corrente se estende a 60 graus de latitude sul, formando uma barreira invisível que guarda águas mais geladas e menos salgadas. 

Ilustração do Oceano Antártico.
(Matthew W. Chwastyk e Greg Ugiansky (NatGeo) / NASA/JPL; IHO/Reprodução)

Ao mesmo tempo, a ACC puxa águas dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, impulsionando um sistema de circulação que transporta calor ao redor de todo o planeta. Enquanto isso, suas águas geladas recuperam o carbono, armazenando-o nas profundezas do oceano. Tais particularidades tornam o ecossistema único, sendo berço de diversas espécies que não podem ser observadas em nenhum outro lugar do globo. Os cientistas esperam que, com a diferenciação entre os oceanos, haja no local um maior esforço de conservação e também conscientização do público geral. 

Não é preciso pensar apenas nas espécies que vivem no ambiente gelado: as baleias jubarte, por exemplo, se alimentam de krill na Antártica durante o verão e depois migram para o norte durante o inverno, alcançando a América do Sul e Central. Porém, a pesca industrial de krill em regiões do oceano em que ainda não há proibição preocupa organizações de conservação, já que os efeitos ecológicos adversos não se restringem ao continente.

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A equipe da National Geographic Society acredita que o novo mapeamento terá grande impacto por meio da educação. Hoje, os estudantes aprendem sobre o ecossistema dos oceanos de acordo com o estudo individual de cada um deles. Ter o Oceano Antártico na lista fará com que suas particularidades e importância sejam mais difundidas não só nas salas de aula, mas na sociedade como um todo. 

A National Geographic desenvolve mapas desde 1915. Ela costuma usar como uma de suas bases a Organização Hidrográfica Internacional (IHO), que trabalha com o Grupo de Peritos das Nações Unidas em Nomes Geográficos para padronizar os nomes em escala internacional. Mas a IHO não reconhece ainda o Oceano Antártico. A organização chegou a classificá-lo em 1937, mas revogou a decisão em 1953. Em 2000, a separação do oceano voltou a ser pauta na IHO, mas nem todos os países membros concordaram em adotar a mudança.

Por outro lado, o Conselho dos Estados Unidos para nomes geográficos reconheceu o Oceano Antártico em 1999, e em fevereiro de 2021 a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) seguiu o mesmo caminho.

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