Nos comunicássemos por telepatia?
Se nos comunicássemos por telepatia seria naturalmente impossível guardar segredos.
Claudio Leme
A primeira conseqüência é óbvia – e naturalmente assustadora: seria impossível guardar segredos. Dá para imaginar uma sociedade em que todas as relações tivessem de se basear na franqueza absoluta? “Não seria fácil. Todos precisaríamos de uma preparação para reconhecermos a verdade em nós mesmos e admitir que os outros também pudessem conhecê-la”, afirma o psicanalista Antônio Rezende, filósofo aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). As escolas teriam de ensinar técnicas especiais de concentração mental – ou então o cérebro humano seria forçado a desenvolver um sistema de sintonia e seleção de informações, se não ficaríamos malucos com a interferência dos pensamentos alheios. É provável que todos evitassem multidões, capazes de provocar congestionamentos cerebrais torturantes, e buscassem, sempre que possível, lugares de isolamento total.
Quem sabe, não surgisse até uma tecnologia de blindagem de ondas mentais, que pudesse criar cabines especiais onde se poderia desfrutar de alguma privacidade? Em compensação, se há uma vantagem em fazer parte de uma espécie telepata, seria uma sexualidade mais aberta. “Mesmo sem querer, as pessoas acabariam expressando suas vontades: quem está a fim, quem não está. Conseqüentemente, haveria mais prazer e mais tolerância”, diz Nelson Vitiello, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana, em São Paulo.
Mesmo sem querer, as pessoas acabariam expressando suas vontades sexuais. O resultado? Mais prazer e tolerância