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Nosso cérebro sabe quando alguém está doente – mesmo sem sintomas aparentes

Não precisa de nariz escorrendo ou espirros para que a gente evite ficar perto de uma pessoa. Embora isso também ajude, é claro

Por Guilherme Eler
29 Maio 2017, 18h07

Quase sempre, dá para sentir quando aquele resfriado chato está chegando. Antes mesmo dos espirros e do nariz escorrendo, nosso corpo dá um jeito de alertar sobre a doença, nos fazendo ter uma dor leve de garganta, por exemplo. Assim, ele indica que já está se armando para dar conta do vírus – que deve nos infestar de vez dentro de um ou dois dias.

Podemos colocar essa habilidade de previsão na conta do nosso cérebro – a máquina mais potente que existe, você, leitor da SUPER, já sabe. E o mais interessante é que esse instinto não funciona só internamente: ele pode servir também para nos proteger quando a doença está ao redor. Isso quer dizer que iremos evitar uma pessoa infectada mesmo que ela não aparente estar doente. É exatamente aquilo de sair de perto de alguém que está espirrando para não ficar gripado, só que sem a necessidade de ter espirro na avaliação.

Um grupo de pesquisadores suecos conseguiu comprovar isso por meio de um estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). O experimento foi feito com 22 voluntários: parte deles recebeu uma injeção de bactérias e o restante uma solução salina, sem nenhum efeito para o corpo. Duas horas depois de parte dos voluntários ganharem as bactérias, os pesquisadores retiraram amostras de odores dos participantes e também fizeram fotos de seus dos rostos. Esse tempo, segundo os cientistas, não é suficiente para que se conseguisse grandes alterações fisiológicas nos candidatos.

Então, outro grupo de voluntários teve de julgar esse material coletado. Eles sentiram cada um dos cheiros e viram as fotos do primeiro grupo de cobaias, enquanto tinham sua atividade cerebral monitorada. Depois, a tarefa foi apontar quem consideravam mais doente, quem achavam mais atraente e com quem eles tinham mais vontade de socializar. Eles tinham que dar suas opiniões em escalas que variavam desde muito interessante (+3), até muito desinteressante (-3), ou muito doente (-3) até muito saudável (+3), por exemplo.

Seguindo seu instinto, eles mostraram mais interesse em interagir com pessoas saudáveis em relação às que foram infectadas pelos cientistas. A diferença entre as fotos de pessoas saudáveis e infectadas nem era tão gritante assim, como você pode ver aqui. Mesmo assim, isso não foi páreo para nosso cérebro e sua capacidade de caçar doenças pelo ar – literalmente.

O resultado foi semelhante ao que acontece no dia a dia. Por mais que alguns não admitam, ninguém gosta muito de ficar perto de alguém doente. Então, se você se sentir algum tipo de rejeição da próxima vez que ficar gripado, não culpe tanto os outros. O cérebro deles está tão relutante com a ideia de se aproximar de alguém doente como você mesmo provavelmente ficaria. Nada pessoal, só instinto de sobrevivência mesmo.

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