O dia D das tartarugas: a arribada para a reprodução
Milhares de tartarugas olivares todos os anos migram juntas até quatro praias em diferentes pontos do mundo para desovar. Até hoje os cientistas não descobriram como elas se guiam até os locais.
Como as tropas aliadas, que há 50 anos invadiram as praias da França para derrotar os nazistas e dar um fim à Segunda Guerra Mundial, milhares de tartarugas olivares tomam de assalto quatro praias do mundo (três na América e uma na Índia). Elas estão retornando ao local onde nasceram dez anos antes. É a misteriosa arribada.
Um distraído banhista que estivesse aproveitando o início de verão na praia de Oastional (na Costa Rica), à beira do Pacífico, certamente ficaria assustado. Dezenas de milhares de tartarugas, num movimento sincronizado, começam a invadir a praia para a desova. É a arribada, fenômeno que dura no máximo seis dias por ano e que ainda não encontrou explicação. “Por que tantas ao mesmo tempo?”, perguntaria o surpreso cidadão, repetindo a mesma dúvida de diversos cientistas.
Um deles, Jorgue Ballestero, da Universidade da Costa Rica, está analisando o DNA das tartarugas olivares para saber se esta espécie produz feromônio, uma substância que alguns insetos liberam como mecanismo de comunicação. Mas o cientista não descarta a possibilidade de elas se guiarem por um tipo de sonar ou até mesmo pelo olfato para chegarem ao mesmo tempo no local de desova. O mais impressionante, é que pesquisas com espécimes marcados indicam que, após percorrerem até 4500 quilômetros, elas regressam, uma década mais tarde, exatamente à praia em que nasceram.
Enquanto milhares de fêmeas desovam, os machos concentram-se na orla aguardando o retorno. Assim que as fêmeas entram na água, são agarradas para uma exaustiva cópula, que pode durar até três horas. Os espermatozóides desta espécie são dotados de extraordinária vitalidade, conservando-se vivos dentro da fêmea durante meses. Eles fecundarão os óvulos da próxima arribada.
Para saber mais:
Operação tartaruga
(SUPER número 6, ano 5)
O mistério de quatro praias
As tartarugas olivares distribuem-se ao longo da faixa equatorial e também desovam na costa brasileira. Mas por aqui não se observa o movimento coletivo conhecido como arribada, que ocorre na Costa Rica, Nicarágua, México e Índia. No Brasil, elas chegam em pequenos grupos ou mesmo sozinhas
A menor das marinhas
A Lepidochelys olivacea é a menor das tartarugas marinhas. Atinge, no máximo, 70 centímetros. Segundo Guy Marcovaldi, do Projeto Tamar (organização que defende as tartarugas marinhas), seu ciclo de vida é semelhante ao do homem: o período reprodutivo vai dos 15 aos 50 anos e ela vive até 80 anos. Bem alimentada, faz uma desova por ano. A incubação demora de 45 a 60 dias.