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O maior lago do mundo está encolhendo – e as consequências são diversas. Entenda

Um novo estudo analisou o encolhimento do Mar Cáspio e sugere que, até 2100, o lago pode perder até 21 metros de seu nível de água.

Por Manuela Mourão
19 abr 2025, 12h00

O maior lago do mundo é, na verdade, um mar. O Mar Cáspio, que banha Azerbaijão, Cazaquistão, Irã, Rússia e Turcomenistão, é, apesar do nome, um lago salgado que recebeu o título de “mar” por sua imensidão — atualmente, ocupa 387.000 km². No entanto, justamente essa característica que lhe rendeu o nome está em risco: o Cáspio está encolhendo.

Um novo estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, escrito por pesquisadores da Universidade de Leeds, Reino Unido, alerta para as consequências do declínio rápido da água da região. 

Os motivos para o recuo do Mar Cáspio são tanto naturais quanto humanos. Seus principais rios afluentes, o Volga e o Ural — ambos com nascentes na Rússia —, perderam grande volume de água. A redução das chuvas e o aumento das temperaturas, somados à crescente extração de água para a construção de reservatórios e represas, contribuíram significativamente para a queda no nível do Cáspio.

De acordo com um estudo, mesmo que o aumento das temperaturas não ultrapasse 2 °C — no melhor cenário —, é provável que o lago perca cerca de 112 mil km² de superfície, o equivalente a uma redução de 5 a 10 metros em seu nível. Com base em modelos que projetam as mudanças climáticas, os autores alertam que “prevê-se que o aquecimento global provoque declínios nos níveis de água de até 21 metros até 2100”.

Como consequência, os cientistas alertam para o declínio da população de focas-do-Cáspio (Pusa caspica), os únicos mamíferos encontrados no Mar Cáspio, classificadas como ameaçadas de extinção na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) desde 2008.

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Esses animais já sofrem com os impactos da atividade humana, como o tráfego de embarcações e a extração de petróleo. No entanto, de acordo com o estudo, uma redução de 5 metros no nível da água do Cáspio resultaria na perda de 81% do habitat dessas focas.

Muitas aves migratórias e peixes do Mar Cáspio também estão em risco com a queda no nível da água. A região é essencial para aves que migram entre a Europa, a Ásia e a África, pois elas dependem de lagoas costeiras e das margens do lago — hoje ameaçadas — para descanso, abrigo e alimentação.

O Mar Cáspio já abrigou a maior diversidade de esturjões do mundo, hoje todos criticamente ameaçados após anos de pesca excessiva para obtenção de carne e caviar. A redução de até 45% das áreas rasas pode impedir que esses peixes alcancem os rios onde se reproduzem.

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Uma queda de 10 metros no nível da água pode eliminar 40% dos ecossistemas únicos da região e praticamente extinguir as áreas marinhas protegidas, restando apenas uma pequena porção no Cazaquistão.

Além disso, os seres humanos também sofrerão com as consequências da seca do Cáspio. Mais de 15 milhões de pessoas vivem ao redor do lago e dependem de suas águas para pesca, navegação e comércio.

As mudanças climáticas podem causar um duplo impacto econômico na região do Cáspio: além da perda de água afetar o clima local, reduzindo as chuvas e dificultando a agricultura, também traz riscos à saúde. Com o recuo do mar, habitats ficam mais vulneráveis a tempestades, bancos de areia se expandem e o litoral nordeste está se transformando.

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O leito seco pode liberar poeira com poluentes industriais e sal, ameaçando a saúde humana — um cenário semelhante ao do Mar de Aral, onde tempestades de poeira salgada continuam a adoecer a população. 

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