O parque que cresce
Há cenas de dança, de caça, de religiosidade e de sexo, umas ao lado das outras.
Juliana Linhares
A ladainha nos parques nacionais brasileiros é sempre a mesma: sem dinheiro para comprar veículos nem funcionários para proteger a área, eles são vítimas de invasões e perdem cada vez mais riquezas para caçadores e fazendeiros. Ou melhor, é quase sempre assim. O Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, é uma honrosa exceção. Seus limites não só têm sido respeitados como o parque está aumentando, graças à ONG Fumdham (Fundação Museu do Homem Americano), com sede na região. Para melhor preservar a área, que abriga 540 sítios pré-históricos, incluindo alguns dos mais antigos das Américas, a Fumdham vem comprando áreas e doando-as ao parque. De 1982 para cá, foram adquiridos 4 000 hectares. Aliás, foi numa fazenda recém-comprada que pesquisadores da ONG descobriram a Toca das Pedrinhas Pintadas, uma formação rochosa cujas paredes estão repletas de minúsculas inscrições.
“Há cenas de dança, de caça, de religiosidade e de sexo, umas ao lado das outras. Não conheço outro sítio como esse no mundo todo”, explica a arqueóloga Niède Guidon, presidente da Fumdham e responsável pelas pesquisas no parque.