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Pegadas idênticas de dinossauro são encontradas no Brasil e na África

Registros fósseis mostram que, antes dos continentes se separaram, dinossauros passeavam entre Camarões e Brasil.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 29 ago 2024, 16h06 - Publicado em 29 ago 2024, 16h00

Pesquisadores identificaram mais de 260 pegadas de dinossauros idênticas no Brasil e em Camarões, país do oeste da África. Hoje, as nações são separadas por mais de seis mil quilômetros de oceano Atlântico – mas, no passado, já foram parte de um só supercontinente. Os registros fósseis mostram que, há 120 milhões de anos, existia um caminho que os dinossauros andarilhos percorriam antes dos continentes se separarem.

As pegadas datam do período Cretáceo Inferior – entre 145 milhões e 100 milhões de anos atrás. Esses registros fósseis são similares em idade, formato e contexto geológico, e foram descritos numa publicação do Museu de História Natural e Ciência do Novo México, nos Estados Unidos. As trilhas foram encontradas em várias ocasiões nas últimas décadas – o que o novo estudo fez foi analisá-las e compará-las num único artigo.

A maioria das pegadas foi deixada por dinossauros terópodes – normalmente bípedes, grupo do qual as aves modernas fazem parte – com três dedos nas patas. Algumas parecem que vieram de saurópodes de quatro pernas, animais que tinham corpos enormes e longas caudas e pescoços. Outras também provavelmente pertenciam a dinossauros do grupo Ornithischia, que tinham uma bacia parecida com as aves. É difícil determinar as espécies específicas dos bichos viajantes por meio apenas das pegadas, porém.

Essas pegadas foram preservadas como fósseis nas áreas de lama e lodo que ficavam ao lado de antigos rios e lagos na Gondwana, o supercontinente que surgiu antes da Pangeia (e depois fez parte dela, e, mais depois ainda, voltou a se separar e ficar sozinho, como explicamos aqui).

Juntos e misturados

Na época da Gondwana, o Nordeste do Brasil foi ligado à costa de Camarões. Quando os dinossauros estavam passeando entre os países, há 120 milhões de anos, a África e a América do Sul já tinham começado a se separar há pelo menos 20 milhões de anos em regiões específicas. O espaço entre os continentes ia sendo  preenchido pelo oceano Atlântico.

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Esse processo, gradual e bem lento, foi facilitando a formação de várias bacias hidrográficas, que formavam lagos com a água dos rios que fluíam em sua direção. Os cientistas encontraram evidências de duas bacias do tipo hemi-graben – compostas por uma falha geológica que gera uma depressão de relevo inclinada – parecidas que formavam vales na região de Borborema, no nordeste do Brasil, e da bacia Koum, no norte de Camarões.

Nas duas bacias parecidas, os cientistas encontraram evidências de pegadas de dinossauros, rios e lagos antigos e pólen fossilizado. Esses registros fósseis são modos de entender o comportamento dos animais e para onde eles tanto caminhavam. 

As regiões eram cheias de vegetação, com o ecossistema parecido com o de uma floresta tropical, atraindo muitos dinossauros herbívoros. Quem ia atrás dos herbívoros eram os carnívoros, que se alimentavam deles e de outros animais menores. Assim, as populações da África e da América do Sul se misturaram, até que o movimento das placas tectônicas separou os continentes definitivamente e interrompeu as migrações.

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