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Pesquisadores podem ter encontrado duas novas glândulas no crânio humano

Pacientes em tratamento de câncer na cabeça ou pescoço podem ser beneficiados pela descoberta, caso ela seja confirmada.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 25 jul 2022, 10h39 - Publicado em 22 out 2020, 17h31

Se você achava que o corpo humano já havia sido completamente mapeado, saiba que a história não é bem essa. Pesquisadores do Instituto do Câncer da Holanda encontraram acidentalmente o que parece ser um quarto par de glândulas salivares. A descoberta, caso confirmada, será a primeira desse tipo nos últimos 300 anos. 

Os médicos, que estudavam pacientes com câncer de próstata, estavam analisando exames de imagem de alta resolução quando notaram o novo órgão. Este exame combina a tomografia computadorizada com a tomografia por emissão de pósitrons (PET), injetando um marcador radioativo na pessoa. Tal marcador se liga à PSMA, uma proteína abundante tanto em células do câncer de próstata quanto nos tecidos das glândulas salivares. E assim os cientistas encontraram, no caminho entre a orelha e a garganta, duas glândulas com cerca de quatro centímetros nunca antes descritas.

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As possíveis glândulas salivares foram identificadas sobre os tubos que conectam os ouvidos à garganta. (Valstar et al./Radiotherapy and Oncology/Divulgação)

Os cientistas dissecaram outros dois cadáveres para procurar as glândulas e confirmar a existência dos órgãos. Nisso, puderam analisá-los e perceber as semelhanças com as glândulas salivares. Também foram feitos exames de imagem em outros 100 pacientes, tendo as glândulas identificadas em todos. 

Até o momento, apenas três pares de grandes glândulas salivares eram conhecidos: um próximo a orelha, um sob a língua e outro abaixo da mandíbula. A função delas é produzir saliva, facilitando funções como a fala e a mastigação. O novo par de órgãos parece lubrificar e umedecer a parte superior da garganta, atrás do nariz e boca. 

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A descoberta, caso confirmada, pode ser benéfica para oncologistas e seus pacientes em tratamento de câncer no pescoço e cabeça. Isso porque a radiação emitida pela radioterapia pode acabar atingindo as glândulas salivares, levando o paciente a desenvolver problemas para engolir e boca seca crônica. Dados de 700 pacientes tratados no Centro Médico Universitário Groningen mostram que, quanto mais radiação eles receberam na área das glândulas desconhecidas, mais efeitos colaterais eles relataram. Os médicos já tentam proteger as glândulas salivares dos pacientes durante o tratamento, e agora podem reduzir ainda mais os danos.

Mas também há a possibilidade de o órgão encontrado não ter nada de novo ou especial. Isso porque, além das glândulas salivares grandes conhecidas, há outras mil menores espalhadas pela boca e garganta. Elas são mais difíceis de encontrar em exames de imagem devido ao tamanho, mas sempre estiveram ali. Além disso, o estudo não contou com diversidade: todos os pacientes analisados tinham câncer de próstata ou da glândula uretral, sendo analisada apenas uma mulher e 99 homens. Mais estudos são necessários para confirmar a descoberta dos novos órgãos.

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