Carlos Chernij
“Não se preocupe, querida, eu tomo a pílula.” Ouvir essa frase é o sonho de milhares de mulheres que já não querem tomar anticoncepcional todos os dias. Não só delas. Médicos britânicos estão tentando reunir pelo menos 50 homens que topem encarar a tarefa contraceptiva. É que eles estão testando um implante que suspende a produção de esperma temporariamente e que pode levar à criação da pílula masculina. Mas faltam voluntários para os testes.
A busca começou em fevereiro, no hospital Royal Free Hampstead, em Londres. Pierre-Marc Bouloux, coordenador da pesquisa, precisa de homens dispostos a receber um implante que libera um hormônio feminino similar à progesterona, inibindo a formação de esperma. O implante também diminui o nível de testosterona no sangue e torna necessária uma injeção desse hormônio a cada três meses. Mas o médico jura que não há efeito colateral nisso. Bouloux já esperava que os mais tradicionais não quisessem participar, mas não que o desinteresse fosse tão grande.
“Eu não fiquei surpresa”, diz Mary Boyle, pesquisadora da Universidade de East London. “Os homens ainda são muito desconfiados de métodos químicos de controle da natalidade.” Para Mary, o único jeito de mudar a situação é enfatizar que a prevenção da gravidez é uma responsabilidade do casal e deve ser encarada tanto pelos homens quanto pelas mulheres.