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Plantas medicinais desenvolvem camuflagem para evitar humanos

A Fritillaria delavayi, que costuma ter ramos verdes, está aderindo a tons de cinza e marrom para se misturar ao ambiente rochoso no qual cresce.

Por Carolina Fioratti
24 nov 2020, 20h03

Provavelmente você já escutou de alguém mais velho que chá de mel com limão era uma boa pedida para a tosse. Na medicina tradicional chinesa também há alguns remedinhos naturais para este problema – como os bulbos das plantas Fritillaria delavayi, que são transformados em pó. 

Há mais de dois mil anos, os chineses têm colhido estas plantas que crescem em meios as pedras das montanhas Hengduan, no sudoeste da China, e usado em suas terapias alternativas. Mas não pense que essa é uma alternativa barata ao xarope: para produzir apenas um quilo de pó, são necessários cerca de 3,5 mil bulbos, um número que se torna ainda mais notável ao saber que as plantas só florescem uma vez por ano – e após passar por cinco primaveras. Logo, essa quantidade do produto sai por US$ 480 (R$ 2578,75). Além da tosse, o pó também é usado para outros problemas pulmonares e doenças cardíacas.

Mas parece que essas plantas, cada vez mais raras no ambiente, cansaram de ser exploradas. Cientistas relataram na revista científica Current Biology que a F. delavayi está deixando para trás seus ramos verdes brilhantes, antes facilmente avistados no meio das rochas, e aderindo a tons de cinza e marrom, “escondendo-se” dos humanos. 

Os pesquisadores explicaram que a camuflagem nas plantas não é algo inédito, apesar de raro, mas acreditavam que isso ocorria apenas como defesa contra animais herbívoros. Depois de um tempo estudando a espécie, notaram que não havia marcas de mordidas nas plantas e nem quaisquer predadores próximos – a não ser os humanos. 

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Para a pesquisa, os cientistas separaram dados sobre a colheita da espécie em sete locais distintos, que datavam de 2014 até 2019. Dessa forma, teriam os padrões de quais áreas as plantas eram mais ou menos colhidas. Além disso, usaram um espectrômetro para medir a semelhança entre a cor das plantas e do ambiente em cada um dos pontos. 

Ao cruzar as informações, os pesquisadores perceberam que a coloração das plantas havia se modificado mais nos locais em que a colheita era mais abundante. Depois, fizeram ainda um teste online em que os voluntários deveriam encontrar as Fritillarias nas fotografias. Como era de se esperar, as pessoas tiveram mais dificuldade nas imagens em que as plantas tinham cores semelhantes ao ambiente, comprovando que a camuflagem era uma ferramenta eficaz para evitar humanos.

Martin Stevens, ecologista da Universidade de Exeter e co-autor do estudo, disse em comunicado: “Muitas plantas parecem usar camuflagem para se esconder dos herbívoros que podem comê-las – mas aqui vemos a camuflagem evoluindo em resposta aos coletores humanos. É possível que os humanos tenham conduzido a evolução das estratégias defensivas em outras espécies de plantas, mas surpreendentemente poucas pesquisas examinaram isso”.

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