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Polo Sul está aquecendo três vezes mais rápido que o resto do mundo

Novo estudo indica que a mudança climática pode ser resultado de fenômenos naturais combinados à interferência humana.

Por Carolina Fioratti
2 jul 2020, 17h16

Uma pesquisa publicada na revista científica Nature Climate Change mostrou que, ao longo das últimas três décadas, a temperatura no Polo Sul aumentou cerca de 1,8 ºC. Os pesquisadores da Universidade de Ohio, que analisaram as alterações climáticas no polo entre 1989 e 2018, constataram que a região está se aquecendo três vezes mais rapidamente do que o resto do mundo. 

Os dados obtidos por meio da Estação Polo Sul Amundsen-Scott, observatório climático americano, indicam que, por década, houve uma alta de 0,6 ºC na temperatura da região – o padrão global foi algo em torno de 0,2 ºC para o mesmo período.

Até então, não havia registros sobre aumento de temperatura no Polo Sul – mais especificamente, na região central da Antártida. Outras partes do continente já apresentavam sinais de aquecimento, o que levou os cientistas a acreditarem que seu centro poderia passar imune às mudanças climáticas. Mas não foi o que aconteceu. 

Os cientistas explicam que a alteração está relacionada ao aumento da temperatura no Oceano Pacífico Tropical. Quando a água do oceano começa a evaporar, cria-se um centro de baixa pressão. Essa água que evapora acaba criando nuvens. O problema é quando essas nuvens se deparam com uma frente fria, que caracteriza um centro de alta pressão. O ar quente que subiu acaba sendo novamente jogado para baixo, criando um looping. Esse fenômeno é o que explica o surgimento de ciclones. 

 

Essa anomalia ciclônica, como definiram os pesquisadores, que atinge a região do mar Weddell (localizado ao leste da Península Antártida) acaba aumentando a distribuição de ar quente e de umidade proveniente do Atlântico Sul para o Polo Sul. Além disso, os pesquisadores perceberam que, nas últimas duas décadas, quando o Polo Sul atingiu suas maiores temperaturas, o Oceano Pacífico Tropical também estava extremamente quente. 

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Por outro lado, a incidência de fenômenos naturais não justifica por si só a alta da temperatura no Polo Sul. Os cientistas supõem que o aumento da emissão de gases do efeito estufa, ligado à atividade humana, pode ter contribuído com 1 ºC dos 1,8 ºC de aquecimento no local.

Os pesquisadores estimam também que o aquecimento observado excede 99,9% das possibilidades de aumento de temperatura sem influência humana. Ou seja: não é totalmente impossível que os eventos naturais sejam os únicos culpados – mas essa é uma possibilidade bastante improvável. 

Em artigo publicado no The Conversation, os cientistas explicam: “Parece que os efeitos da variabilidade tropical trabalharam juntos com o aumento dos gases de efeito estufa, e o resultado final é uma das tendências de aquecimento mais forte do planeta.”

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