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Projeto faz rinocerontes ficarem radioativos para combater o tráfico

Os chifres desses animais, que são vendidos ilegalmente no mercado paralelo, ficarão envenenados e detectáveis, mas sem prejudicar os bichos.

Por Isabela Lobato
28 jun 2024, 19h00

Cientistas do projeto de conservação Rhisotope, na África do Sul, inauguraram nesta terça (24) uma nova abordagem inusitada para tentar impedir o tráfico de chifres de rinocerontes: torná-los radioativos. Mas calma – é para o bem deles. 

Todos os anos, milhares de espécimes são assassinados para que seus chifres de queratina possam ser vendidos ilegalmente, já que, no mercado paralelo, são tão valiosos quanto ouro ou cocaína. Muitas culturas e tradições acreditam que eles têm propriedades curativas, especialmente na Ásia.

Existem pouco mais de 16 mil rinocerontes brancos no mundo, e, destes, cerca de 15 mil vivem na África do Sul. Os defensores lutam para restabelecer a espécie, que chegou muito perto de ser extinta no começo dos anos 1900, quando havia menos de 100 indivíduos na natureza. 

Só em 2023, 499 rinocerontes foram assassinados no país, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Isso não é um problema só para a espécie, mas também para as sociedades impactadas pelo tráfico. A chefe de operações do projeto Rhisotope, Jessica Babich explica: “Os rinocerontes são um assunto importante porque, onde quer que você esteja, o crime afeta uma comunidade. E o crime no mercado paralelo, em particular, é terrível.”

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Muitas soluções já foram testadas para coibir o mercado paralelo de chifres do animal, mas sem sucesso. “As pessoas tentaram de tudo: tentaram envenenar o chifre e não funcionou. Tirar os chifres também não funciona. Legalizar o comércio também não, já que não sabemos quão grande é o mercado. Então acho que essa é uma ideia absolutamente brilhante”, diz Arrie van Deventer, fundador de um santuário para rinocerontes órfãos, o Rhino Orphanage.

A ideia em questão é essa: colocar um pequeno chip radioativo no chifre dos animais. Radioativo o suficiente para ser detectado nas alfândegas e para intoxicar humanos que tentem ingeri-lo, mas não para prejudicar o animal ou o meio ambiente. 

Os agentes de fronteira e aeroporto são equipados com detectores de radiação para encontrar mercadorias importadas ilegalmente ou ameaças de terrorismo nuclear. A expectativa é que os chifres radioativos alertem as fronteiras se forem traficados, e que isso coíba a ação de caçadores e traficantes. 

A medida deve ser mais barata e eficiente do que tirar os chifres, algo que era feito até então para coibir o tráfico. Os chifres de rinocerontes são como nossas unhas: crescem continuamente e são feitos de queratina, diferentes dos de marfim dos elefantes. Assim, os cientistas precisavam aparar milhares de chifres a cada 18 meses.

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Agora, o chip radioativo deve durar por cinco anos nos 20 animais que estão participando da iniciativa. O líder da iniciativa e diretor da unidade de física de saúde e radiação da Universidade de Witwatersrand, James Larkin, diz que eles receberão uma dose “forte o suficiente para disparar os detectores instalados globalmente” nos postos de fronteira internacionais.

O processo de inserir os chips radioativos nos chifres é feito com o animal desacordado e anestesiado, e não gera nenhum sofrimento. A equipe da Rhisotope vai continuar monitorando a saúde dos animais testados, seguindo “o protocolo científico e o protocolo ético adequados”, disse Babich.

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