Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99

Projeto pretende enviar tardígrados ao espaço

Eles seriam impulsionados por lasers – e viajariam a 360 milhões de km/h.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 18 fev 2022, 07h01 - Publicado em 18 fev 2022, 06h36

Sondas espaciais cruzam o vácuo a 130 mil km/h. É pouco. Mesmo nesse pique, levam décadas só para sair do Sistema Solar. E seriam necessários 41 mil anos para chegar à estrela mais próxima, Alpha Centauri. O Projeto Starlight, da Nasa, propõe uma alternativa (1): usar um laser para empurrar uma nave, que atingiria 100 mil km por segundo, ou 360 milhões de km/h (30% da velocidade da luz).

Os passageiros dessa viagem seriam os tardígrados, animais microscópicos que estão entre as espécies mais resistentes da Terra. A ideia é aproveitar o teste do sistema para checar como uma forma de vida se comportaria em longas viagens interestelares – longas de fato: mesmo a 100 mil km/s um rolê até Alnilam, a estrela do meio das Três Marias, que parece aqui pertinho, levaria 12 mil anos. A Super conversou com o físico Philip Lubin, professor da Universidade da Califórnia e diretor do projeto, para entender a ideia.

Por que enviar tardígrados? Eles são uma das poucas criaturas que suportam o vácuo. Seriam desidratados e enviados em um estado de metabolismo zero, como se fossem sementes. Existem tardígrados que permaneceram nesse estado por milhares de anos – e cientistas conseguiram fazê-los voltar à vida. Outra vantagem é que eles são microscópicos. Se quisermos atingir altas velocidades, precisamos enviar algo que tenha pouca massa. Poderíamos colocá-los em cápsulas com uma pequena atmosfera. A ideia é apenas mandá-los. Não temos como trazê-los de volta.

Como funcionaria o laser? Os fótons [partículas de luz] carregam energia e impulso. Nós só não sentimos esse “empurrão” porque nossa pele não é sensível o suficiente. Se eu quisesse acelerar a minha minúscula nave a 30% da velocidade da luz, precisaria de 100 gigawatts [equivalente a 80 reatores nucleares, ou 10% da capacidade total de geração elétrica dos EUA]. A fonte de luz, que é a propulsão da nave, ficaria no chão. Nós mostramos que é possível sincronizar lasers em um raio de 50 km para gerar um feixe de luz. Ele só ficaria ligado por alguns minutos, para lançar a espaçonave.

Qual é o objetivo do estudo? O projeto não seria executado agora – é algo para daqui 30 ou 50 anos, dependendo da viabilidade e do interesse econômico. O que nós estamos propondo é estudar e desenvolver a fotônica. Mesmo que a gente não envie os tardígrados, o mais importante é a tecnologia. Ela poderia ser aprimorada para mandar humanos a Marte, por exemplo.

Continua após a publicidade

***

Fonte 1. Interstellar space biology via Project Starlight. P Lubin e outros, 2022.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.