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Proteína do veneno da cascavel pode destruir câncer de mama agressivo, sugere estudo da USP

Em estudos in vitro, a toxina eliminou e impediu a proliferação de um tumor ligado a maior risco de mortalidade.

Por Manuela Mourão
8 Maio 2025, 10h00

Em estudo recente, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP utilizaram uma substância derivada do veneno da cobra cascavel para combater células de tumores agressivos de câncer de mama in vitro – ou seja, em células cultivadas em laboratório. 

O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2022 foram relatados 2,3 milhões de novos casos ao redor do globo, com cerca de 670 mil mortes por causa da doença. No Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) estima que, entre 2023 e 2025, cerca de 73.610 mulheres seriam diagnosticadas com este tipo de tumor. Os dados mais recentes são de 2022.

A proteína crotoxina, presente no veneno, é um tipo de polipeptídeo. Por ser extremamente tóxica, ela é manipulada em laboratório para usos terapêuticos. Há 20 anos que pesquisas investigam seu potencial anti-inflamatório e antitumoral. 

De acordo com a diretora do Centro de Desenvolvimento Científico do Butantan, Sandra Coccuzzo, “a crotoxina tem atividade imunomoduladora: ou seja, ela modula mecanismos do sistema imune, induzindo ou inibindo a secreção de alguns mediadores”.

No estudo em laboratório, essa substância eliminou e impediu a proliferação das células triplo negativo, um tipo presente em 15% dos casos de câncer de mama. Embora a porcentagem pareça baixa, esses são os casos com maior taxa de mortalidade. A pesquisa foi publicada no periódico Toxicon.

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“Esta pesquisa foi parte de um amplo projeto para avaliar a atividade antitumoral da crotoxina em vários tipos de culturas de células de câncer de mama”, afirma Camila Marques de Andrade, primeira autora do artigo, para o Jornal da USP

De acordo com a pesquisadora, os tumores de mama podem ser classificados quanto à presença ou ausência de alguns receptores na célula cancerígena. “Um desses tipos é o chamado triplo negativo, correspondendo ao pior prognóstico da doença, em que os tumores se apresentam pouco diferenciados, há grande mortalidade e não respondem à terapia”, aponta.

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Hoje em dia, o tratamento mais comum envolve a combinação de dois tipos de medicamentos: as antraciclinas, entre as quais a doxorrubicina é a mais utilizada, e os taxanos. Esses remédios são aplicados diretamente na corrente sanguínea durante as sessões de quimioterapia.

Apesar de serem amplamente usados, Marques de Andrade alerta que os tumores nem sempre respondem bem a esse tratamento e os medicamentos podem causar vários efeitos colaterais.

Apesar dos resultados promissores, o uso da crotoxina como medicamento ainda precisa passar por outras etapas de pesquisa. Para que a substância possa ser usada em tratamentos de verdade, ainda serão necessários testes em animais e, depois, em humanos. Também serão necessários ajustes nas doses para garantir segurança e eficácia. A soma de todas essas instâncias pode chegar aos 10 anos de pesquisa.

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