Qual a diferença entre um ateu e um agnóstico?
Ateu é quem não acredita em Deus e nega sua existência. Já o agnóstico diz que é impossível afirmar com certeza se Deus existe ou não.
Vamos primeiro com a definição para quem está “sem tempo, irmão”: ateu é quem não acredita em Deus e nega sua existência. Já o agnóstico afirma que é impossível afirmar com certeza se Deus existe ou não. Entre os ateus famosos estão o filósofo Friedrich Nietzsche e, entre os agnósticos, o ator Charles Chaplin.
Agora, em mais detalhes:
O que é um agnóstico
O biólogo evolutivo Thomas Huxley – sim, ele é parente do escritor britânico Aldous Huxley – inventou a palavra “agnóstico” em 1884. Ela significa “desconhecido” em grego.
Em suas palavras, o objetivo era “denotar pessoas que, como eu, confessam ser irremediavelmente ignorantes no que diz respeito a uma variedade de assuntos – assuntos sobre os quais os teólogos e metafísicos, ortodoxos e heterodoxos, dogmatizam com a máxima confiança.”
Essa ideia ecoa até hoje graças ao trabalho do filósofo da ciência Karl Popper. Ele afirmava que uma hipótese científica sobre o funcionamento do mundo jamais pode ser comprovada satisfatoriamente. A única esperança de um cientista é realizar um grande número de experimentos e verificar que todos reforçam a hipótese em vez de contradizê-la. Se um único experimento der errado, é porque a hipótese é errada. Mas não existe nenhum experimento capaz de provar definitivamente que a hipótese está certa.
Nesse argumento, a hipótese da existência de Deus não pode ser falseada experimentalmente, portanto, não pertence à ciência. É algo exterior à ela, impossível de se provar ou refutar.
Entre os agnósticos, há os ateístas (que acreditam não ser possível provar a existência de Deus nem acreditam nele) e os teístas (que acreditam não ser possível provar a existência de Deus, mas preferem apostar que ele existe).
O que é um ateu?
O ateu não admite essa possibilidade de que deuses existam. Ateus lançam mão de outros argumentos para afirmar sua posição, ainda que admitam que a prova definitiva está além do alcance do método científico na acepção de Popper.
Um argumento bastante simples é o da regressão infinita, expressado com elegância por David Hume. Ele parte da ideia de Aristóteles de que todas as coisas são causadas por outras coisas que vieram antes.
Por exemplo, o acidente de carro ocorreu porque o motorista bebeu. O motorista bebeu porque foi traído pela mulher. A mulher traiu porque o vizinho gostava dos mesmos filmes que ela e eles começaram a conversar. O vizinho gostava de filmes porque… e por aí vai, até chegarmos, naturalmente, à causa final de todas as coisas: Deus, que deu start no cosmos e permitiu que a Terra existisse.
O problema é que Deus por si só é uma entidade bem complexa, portanto, para assumir sua existência, é preciso continuar a regressão para estados mais simples. E aí os religiosos quebram as pernas: se tudo caminha de um estado mais simples para um mais complexo (e Deus é tão complexo), então de onde ele veio?
Deus pode até explicar a existência do mundo, mas então, se torna necessário explicar a existência de Deus. E isso é ainda mais difícil.