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Qual o papel do Brasil no Acordo de Paris?

Como outros 194 países, estabelecemos metas ambientais ousadas. E é bom para o bolso do resto do mundo que não nos esqueçamos delas.

Por Guilherme Eler
19 out 2018, 19h50

Firmado em dezembro de 2015 por 195 países, o Acordo de Paris representa o maior compromisso que a humanidade já assumiu com o ambiente.

A meta é uma só: manter a temperatura média da Terra até 2°C acima dos níveis “pré-Revolução Industrial” até o fim do século, esforçando-se para que a variação não passe de 1,5ºC.

Com “pré-Revolução Industrial” você pode entender a primeira metade do século 19. Na época, as máquinas ainda não haviam mudado toda a lógica de produção capitalista, colocando a Europa sob uma névoa cinzenta – e elevando as temperaturas médias pelo planeta por ação do famigerado efeito estufa.

A proposta atual do documento, de fato, é ousada. Isso porque, no ritmo que estamos, ultrapassaremos a meta dos 1,5°C ainda em 2040 – pelo menos, é isso que diziam estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas) do começo de 2018.

Tudo isso pode ser diferente, porém, se cada país fizer o mínimo estabelecido. A partir de 2020, cada nação precisará balizar suas decisões ambientais conforme manda a cartilha do Acordo de Paris – afinal, ele tem efeito de lei internacional.

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A lista dos que se recusaram a entrar na dança pode ser contada nos dedos. Não dá para negar que a principal ausência, no entanto, não será sentida. Os EUA de Trump anunciaram sua saída do clube em 2017 – mesmo mandando para atmosfera 17,9% das emissões de gases do planeta. Países como a vizinha de América Nicarágua e a Síria, devastada por uma guerra civil que se arrasta por anos, também ficam de fora.

No caso do Brasil, a lição de casa para os próximos anos é extensa. Nos comprometemos, por exemplo, a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, até 2025. Até 2030, tais taxas devem ser 43% menores. Atualmente, somos o sétimo maior emissor mundial de gases de efeito estufa do mundo.

Outra pauta é aumentar a participação de biocombustíveis em 18% até 2030. No mesmo ano, 45% da matriz energética deverá ser composta por energias renováveis, precisaremos ter renovado 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e zerado o desmatamento ilegal na Amazônia. Você pode acessar a lista completa neste documento, chamado de iNDC (sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada).

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É essencial para o resto do mundo que nos atenhamos a cumprir cada ponto, como prometido lá em 2015. Um estudo publicado por pesquisadores brasileiros na revista científica Nature Climate Change, mensurou o impacto que negligenciar por completo tais metas poderia trazer ao mundo.

O pior cenário de todos, em que tratamos com descaso total cada uma dessas metas ambientais, poderia trazer impacto financeiro gigantesco – para os outros.

O simples fato de o Brasil ignorar por completo suas metas para o Acordo de Paris faria o resto do mundo ter de gastar quase R$ 20 trilhões. Tudo para que a temperatura fosse mantida abaixo dos ideais 2°C acima, sem que nossa pátria amada mexesse uma palha para isso. Ou seja: a influência do Brasil na conta ambiental do planeta é tão grande quanto sua biodiversidade.

A boa notícia é que temos algum tempo até para prevenir antes que seja preciso aos outros remediar. Estima-se que o valor para que o Brasil cumpra suas metas individuais seja até três vezes menor do que a conta acima indica. É bom que assumamos essa – pelo bem do planeta.

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