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Raciocínio solidário derrota o arbítrio e a intolerância

Artigo do professor Luiz Barco, em que conta uma história de raciocício solidário e mostra como esse exemplo é importante para estimular as crianças.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 31 dez 1992, 22h00

Certo dia, um rei perverso resolveu executar três sábios porque discordava de suas opiniões. Poderia simplesmente mandar matá-los, mas uma atitude dessas poderia provocar uma grande revolta popular. Por isso, incumbiu um esperto ministro de descobrir um jeito de condená-los sem dar ao povo uma impressão de arbitrariedade. O ministro, então, engendrou uma saída: apresentou aos sábios uma bandeja com cinco chapéus, três pretos e dois brancos, a serem colocados na cabeça de cada um.

Determinou, em seguida, que eles se mantivessem incomunicáveis, num lugar onde enxergassem apenas o topo da cabeça dos outros dois e não conseguissem ver a cor do próprio chapéu. Uma vez que tudo estivesse pronto, o rei perguntaria: “De que cor é o chapéu em sua cabeça?” Cada um dos sábios deveria responder quando tivesse certeza ou então permanecer em silêncio. Após três tentativas, quem não respondesse ou errasse a resposta seria condenado. “Qual é a cor do seu chapéu?”, perguntou o rei na primeira vez. Todos ficaram em silêncio. “Qual é a cor do seu chapéu?”, perguntou o rei novamente. Nenhuma resposta. “Qual é a cor do seu chapéu?”, perguntou o rei pela terceira e última vez. “Preto”, responderam todos e acertaram em cheio. Por isso, foram libertados e o rei teve de engolir o fracasso do plano de seu não tão esperto ministro.

De que forma eles conseguiram esse resultado? Seguiram um raciocínio que eu chamo solidário, em que cada um tem de raciocinar bem e esperar que os outros também o façam. Se um dos três falhasse, todos estariam perdidos. Vamos tentar reconstituir o caminho percorrido pelos sábios. A bandeja tinha cinco chapéus, três pretos e dois brancos. Logo, se um deles enxergasse dois chapéus brancos, teria um preto na cabeça, é claro, já que estava vendo a totalidade dos brancos. O silêncio na primeira tentativa indicou a cada um deles que ninguém estava enxergando dois chapéus brancos. A única possibilidade era a existência de dois pretos ou de um preto e um branco.
Portanto, a primeira pergunta serviu para indicar que um chapéu branco estava fora da jogada. Na segunda pergunta, se qualquer dos três tivesse visto um chapéu branco aproveitaria a chance para dizer: “O meu é preto”. Como ninguém disse nada, eles deduziram que não havia nenhum chapéu branco na jogada e, assim, se valeram da última pergunta para responder sem titubear: “O meu chapéu é preto”. Observe que foi raciocinando para si e contando com o solidário raciocínio dos colegas que cada um dos sábios tomou a própria decisão.

Se um só deles raciocinasse e concluísse mal, poria a perder o raciocínio dos outros dois. Esse fato ilustra bem um pequeno e ingênuo problema que, embora não pareça, é bem mais freqüente do que se pode imaginar. E como se tivéssemos certeza de que ao produzir algo poluente sofreríamos as conseqüências desse ato.

Nós ou nossos descendentes seremos, sem dúvida, alcançados por nossas grandezas ou misérias. A questão de vida ou morte dos sábios revela que o procedimento solidário acabou derrotando o rei e salvandolhes a pele. Esse problema, aparentemente simples, me levou à conclusão de que se tentarmos estimular, sempre que possível, esse tipo de raciocínio em nossas crianças, provavelmente gastaremos muito menos tempo tentando cobrar solidariedade de nossos adultos.

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