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Aquecimento de rios amazônicos causou mortes em massa de botos-cor-de-rosa em 2023

Novo estudo aponta que rios da Amazônia ultrapassaram 40 °C em 2023, mais quente do que um spa. O resultado foi trágico: 200 botos-cor-de-rosa e milhares de peixes morreram.

Por Manuela Mourão
12 nov 2025, 10h00

Um novo estudo publicado na revista Science revela que, durante as ondas de calor e secas severas na região da Amazônia em 2023, as águas de lagos amazônicos ultrapassaram os 40 °C, provocando a morte em massa de botos-cor-de-rosa e de inúmeras espécies de peixes.

No Lago Tefé, no Amazonas, a temperatura da água atingiu 41 °C – mais quente que um banho de spa, que costuma medir cerca de 37° C. “Não conseguíamos nem colocar os dedos na água. Estava muito quente, não só na superfície, mas até o fundo”, disse o pesquisador principal, Ayan Fleischmann, do Instituto Mamirauá para o Desenvolvimento Sustentável. “Você coloca o dedo e tira na hora, é insuportável.”

O episódio, ocorrido entre setembro e outubro de 2023, deixou cerca de 200 carcaças de botos boiando na superfície do lago e milhares de peixes. 

“Cinco dos dez lagos monitorados apresentaram temperaturas da água excepcionalmente altas durante o dia (acima de 37°C), com um grande lago atingindo até 41°C em toda a coluna d’água de aproximadamente 2 metros de profundidade”, escrevem os autores no estudo.

 

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O fenômeno está diretamente ligado à combinação de secas extremas, baixos níveis de água, velocidade do vento, turbidez da água e radiação solar intensa – sintomas que os cientistas associam ao avanço das mudanças climáticas.

Em condições normais, a temperatura da água do Lago Tefé fica em torno de 30 °C nos meses mais quentes. Mas em 2024, em meio a outra seca recorde, o lago voltou a atingir 40 °C. O mesmo estudo aponta que os lagos amazônicos vêm aquecendo de 0,3 a 0,8 °C por década nos últimos 30 anos – uma taxa superior à média global. Segundo um estudo da Nasa, os lagos hoje aquecem em média 0,34 ºC por década.

Além de mais quentes, os lagos também estão encolhendo. Durante a seca de 2024, o Tefé perdeu 75% de sua área superficial, enquanto o Lago Badajós encolheu em 90%. Essa combinação de calor e retração tem efeitos devastadores sobre ecossistemas aquáticos já fragilizados.

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A maioria dos peixes, além dos botos e peixes-bois, se reproduz justamente na estação de águas baixas, o que torna o impacto ainda mais grave. Por isso, 2023 provavelmente foi um ano desastroso para a reprodução dessas espécies. Se isso se repetir, veremos colapsos populacionais em cascata.

Segundo os cientistas, não há soluções locais capazes de conter um fenômeno dessa magnitude, é um problema sistêmico. Ou seja, a única resposta real é atacar a raiz do caos: as emissões de combustíveis fósseis e o aquecimento global.

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