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Ritalina não melhora a performance de estudantes em provas, mostra estudo

Muitos estudantes apelam para o medicamento tentando estudar melhor, mas o remédio para TDAH não ajuda se você não tem o transtorno.

Por Leo Caparroz
15 jun 2023, 17h01

No começo do ano, muitas farmácias passaram por uma escassez de remédios para Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), principalmente Ritalina. Em uma nota, a Novartis, empresa responsável pelo medicamento, culpou a alta demanda já no fim de 2022.

O período coincide com a época de grandes vestibulares do país. Isso significa que, impulsionados por tendências estrangeiras, estudantes podem ter contribuído para a falta do remédio. O uso de ritalina e outros comprimidos para TDAH se tornou popular em faculdades e escolas americanas, onde alunos sem essa condição compram as pílulas com a promessa de aprimorar a concentração e atenção em provas e durante o estudo – sendo até vendidos como “smart drugs”, “drogas inteligentes”.

Só que elas não dão nada de “smart” para você. Um estudo analisou três psicoestimulantes populares: metilfenidato (a Ritalina), dexanfetamina e modafinil. Os dois primeiros são receitados para TDAH e o último para narcolepsia, um distúrbio do sono.

Os pesquisadores fizeram quarenta voluntários executarem quatro vezes a mesma tarefa. A cada vez eles tomavam uma das pílulas (também houve uma rodada com placebo). O teste era simples, os participantes deveriam escolher entre diversos itens e colocá-los em uma mochila – virtualmente. Cada um dos objetos tinha pesos e valores diferentes, e o objetivo era maximizar o valor agregado da mochila, mas sem ultrapassar determinado peso.

Quando tomaram um dos remédios, os participantes se dedicavam mais à tarefa – mexiam mais os objetos, tentavam mais combinações e demoravam mais para dar a resposta final. Contudo, sua performance era pior do que quando tomavam o placebo. Apesar de se esforçarem mais, seu desempenho piorava com os medicamentos.

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“Nossas descobertas sugerem que as “drogas inteligentes” aumentam a motivação, mas uma redução na qualidade do esforço, crucial para resolver problemas complexos, anula esse efeito”, escrevem os pesquisadores em seu artigo.

A sensação de eficiência pode ser uma confusão com o ânimo de trabalhar. Quem toma esses remédios sem necessidade talvez acredite que se sentir motivado e alerta seja o mesmo que desempenhar um bom trabalho.

Os pesquisadores notam também que os remédios são importantes para pessoas com TDAH – eles ajudam quem precisa, mas quem não precisa pode se atrapalhar. Melhor deixar a medicação para os pacientes de verdade.

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