Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Sonda que Nasa enviará ao Sol ganhou o nome de Eugene Parker

O astrofísico, com 90 anos, criou polêmica em 1958 ao prever a existência dos ventos solares, ondas supersônicas de partículas liberadas pela estrela

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
1 jun 2017, 16h15

A Nasa, agência espacial norte-americana, já tem um nome para a sonda espacial que partirá rumo ao Sol em julho de 2018: Parker Solar Probe, em homenagem ao astrônomo Eugene Parker. É a primeira vez que um cientista vivo dá nome a uma missão não-tripulada – a sonda Juno, que esses dias tirou uma foto das nádegas de Júpiter, é esposa de Júpiter na mitologia grega, e os telescópios Kepler e Hubble levam os nomes de gênios que já foram dessa para a melhor há algum tempo.

Eugene Parker é professor emérito (aposentado) da Universidade de Chicago, e já tem 90 anos. Em 1958, deu os toques finais em uma teoria recebida com muito ceticismo pela comunidade científica da época: ele previu que o Sol libera tempestades supersônicas de partículas eletricamente carregadas, os famosos “ventos solares”.

Todos pensaram que ele tivesse um parafuso a menos. Mas suas conclusões só estavam à frente de seu tempo.

Parker percebeu que a temperatura na coroa solar – espécie de halo de plasma que é visto flutuando de forma fantasmagórica em torno do astro durante eclipses – era algo entre 1 milhão e 3 milhões de graus Kelvin. Já na superfície do Sol, que corresponde ao contorno visível de sua circunferência, o calor alcançava “apenas” 5,8 mil graus Kelvin.

Em outras palavras, as bordas são muito (muito!) mais quentes que o meio. Por causa dessa situação instável, a gravidade perde a capacidade de manter a coroa em torno do astro – esse plasma todo, superaquecido, é expulso e avança espaço adentro, atingindo os planetas que estão em volta, inclusive a própria Terra.

Continua após a publicidade

Os risos passaram, o homem foi ao espaço e o tempo deu razão a Parker: observações diretas comprovaram a existência dos ventos solares. Mas ainda não se sabe com certeza porque a atmosfera solar fica tão aquecida – e por que os ventos alcançam velocidades de algo entre 250 e 750 quilômetros por segundo. A nova sonda, portanto, dará continuidade ao trabalho do pesquisador – e chegará mais perto da atmosfera solar do que um ser humano jamais poderia.

A Parker Solar Probe, um pouco menor que um carro popular, será lançada em 31 de julho do ano que vem, passará por Vênus em setembro e só alcançará o ponto mais próximo da estrela em 2024. Será um rasante de chamuscar a roupa: ela passará a 3,1 milhões de milhas do astro, região em que a temperatura alcança 1.400 ºC.

É claro que a distância é enorme para a escala humana, mas é ideal para compreender os ventos solares sem virar churrasco. É nesse ponto do trajeto que, em geral, o plasma liberado pelo Sol atinge velocidades superiores à do som. Dali, a sonda poderá observar e medir o fenômeno com precisão, de camarote.

Continua após a publicidade

Essas informações vão mudar a maneira como compreendemos todas as estrelas, e nos darão ferramentas para prever fenômenos potencialmente perigosos para a Terra com mais exatidão. Parker afirmou que se sente honrado pela homenagem, e que construir um artefato capaz de suportar temperaturas tão altas é um feito tecnológico admirável.

“O negócio com o espaço é que todo mundo já fez o que era fácil – sobraram as tarefas difíceis, e essa é arriscada por definição”, afirmou ao jornal britânico The Guardian Tim Horbury, astrofísico do King’s College de Londres. “Eles vão além dos limites possíveis, e é assim que se faz progresso.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.