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A sua garganta é mais simples do que a de um chimpanzé – e isso é ótimo

Novo estudo sugere que a ausência de tecido extra na laringe, presente em outros primatas, pode explicar a evolução da fala humana. Entenda.

Por Luisa Costa
19 ago 2022, 17h47

A laringe humana é relativamente simples. E é justamente por isso que você não soa como um chimpanzé.

É o que sugere um novo estudo, publicado neste mês na revista Science, que investigou como essa parte do corpo evoluiu para nos permitir a produção de uma fala complexa, clara e uniforme. Pesquisadores da Universidade de Kyoto (Japão) investigaram as gargantas de 44 espécies de primatas – como babuínos, saguis, chimpanzés e orangotangos – e notaram que todos tinham dois conjuntos de tecido na laringe. Havia uma exceção: os humanos.

Vamos por partes: a laringe é um órgão em formato de tubo que fica na sua garganta e funciona como uma válvula que controla o ar que sai e entra dos pulmões – além de impedir que alimentos escapem para lá.

Ela têm cartilagens que se movimentam e provocam a abertura das cordas vocais em diferentes graus – o que altera a corrente de ar que vem dos pulmões. Eis o principal mecanismo por trás da nossa fala (afinal, o som nada mais é do que a vibração do ar que sai da nossa boca).

Acontece que primatas não humanos têm um conjunto extra de tecido, além das cordas vocais: lábios (ou membranas) vocais. Os cientistas não sabiam ao certo o quão difundida era essa característica nem qual seria seu papel na produção de vocalizações. Até agora.

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Tecido extra

Para entender a influência dos lábios, os cientistas recorreram a chimpanzés mortos, doados por zoológicos locais. Simulando o processo de vocalização, eles ligaram as laringes dos animais a aparelhos que sopravam ar pelo órgão. 

A partir daí, eles observaram que lábios e cordas vocais vibravam juntas com a passagem do ar. Era um padrão correspondente ao de animais vivos, como visto em poucos vídeos que já registraram as laringes de macacos-rhesus, macacos-esquilo e de um chimpanzé em pleno funcionamento.

Os pesquisadores também usaram dados de experimentos com animais vivos e mortos para construir um modelo de computador de uma laringe, com o qual simularam vocalizações de primatas. No caso dos humanos, donos de cordas vocais isoladas, o som resultante era parecido com uma uma voz humana estável. Em outros casos, eram sons caóticos e instáveis.

O que isso pode significar?

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Os resultados das investigações sugerem, segundo os cientistas, que os lábios vocais criam uma camada extra de complexidade mecânica à voz dos primatas não humanos, o que dificulta o ajuste do som.

A ideia é que os lábios vocais podem ter evoluído para ajudar esses primatas a produzir uma ampla gama de frequências com eficiência, ao custo de menor estabilidade vocal. Por outro lado, a presença isolada de cordas vocais em humanos (ou seja, menos vibrações ao rolando ao mesmo tempo) teria nos permitido falar como falamos hoje.

Mas estas são hipóteses, claro. Outros pesquisadores afirmaram que não dá para dizer com certeza que essas simplificações aconteceram em prol da fala – e que foram um passo crítico para sua evolução.

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