Tempestade de meteoros
Minúsculos grãos deixados pelo cometa Swift-Tuttle "chovem" sobre a Terra
Bom programa para uma noite fria: assistir à intensa chuva de meteoros esperada para 11 e 12 de agosto. Nesses dias como em todos os anos, a Terra mergulha a mais de 100 000 quilômetros por hora na nuvem de poeira deixada pelo cometa Swift-Tuttle, que passou pelas vizinhanças do planeta em fins de 1992. Os astrônomos estão otimistas: esperam que caia um meteoro por segundo. Ou seja, não deve ser exatamente uma chuva, mas uma verdadeira tempestade de estrelas cadentes.
Estrelas cadentes é modo de dizer. É seu brilho que engana. Ao atravessar a atmosfera terrestre, os grãos se incendeiam devido ao atrito com o ar, transformando-se em pequenos bólidos luminosos, que chamamos de estrelas cadentes. Isso ocorre a 100 quilômetros acima da superfície. Mas, na verdade, os meteoros são minúsculos grãozinhos de poeira criados pela desagregação dos cometas ao viajarem nas vizinhanças do Sol ( ou seja, até a órbita da Terra ou de Marte). Seu peso médio não passa de alguns microgramas — os que têm peso dessa ordem só são visíveis em locais muito escuros, longe das luzes das grandes cidades. Para que uma “estrela cadente” seja vista na noite iluminada de São Paulo, teria de ter o tamanho de um caroço de azeitona. Quando muito grandes, eles pesam poucos quilos.
Quando se trata de chuvas meteóricas, aconselha-se cautela: elas podem não ser muito pontuais. No ano passado, o pico da queda de meteoros aconteceu às 3 horas da madrugada do dia 12 de agosto — 24 horas antes do horário esperado. Naquela ocasião, foi registrado um meteoro dez vezes mais brilhante do que Vênus. Mas isso também não deve levantar expectativas exageradas: a maior parte dos grãos não brilha mais do que a fraca estrela Intrometida, aquela que fica no meio do Cruzeiro do Sul. Por isso, quem quiser tentar assistir ao que promete ser um dos mais belos espetáculos celestes deve se armar de bastante paciência e espírito esportivo para fazer plantão no escuro.