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Terapia com cães pode transmitir bactérias super resistentes

Um estudo da Universidade Johns Hopkins mostrou que a terapia exige mais cuidados do que se imaginava. Mas isso não invalida a ação dos cãezinhos.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 10 out 2018, 18h13 - Publicado em 10 out 2018, 18h13

Usar cães como recurso terapêutico vem se tornando uma prática cada vez mais comum. O contato de cachorrinhos dóceis, afetuosos e gentis com pacientes hospitalizados, principalmente crianças, é uma ação simples e eficaz. Estudos já comprovaram que essa relação pode melhorar a ansiedade, o humor e até mesmo a pressão sanguínea desses pacientes. Mas, uma nova pesquisa realizada em um hospital universitário americano mostra que essa interação pode transmitir algo além de alegria: bactérias super resistentes.

Tudo começou com uma suspeita dos médicos do hospital universitário Johns Hopkins, em Baltimore, EUA. Eles achavam que os cachorros poderiam ser um risco de infecção para pacientes com sistema imunológico enfraquecido. Para comprovar, os cientistas fizeram um teste.

Os pesquisadores analisaram 45 crianças em tratamento contra o câncer que interagiram com 4 cachorros – acariciando, abraçando, alimentando ou brincando com eles – durante 13 visitas. Os resultados mostraram que aquelas que passaram mais tempo com os cães tinham 6 vezes mais chance de contrair uma superbactéria conhecida como SARM em comparação com as crianças que passaram menos tempo com os bichos.

Mais: os médicos acharam o microrganismo em cerca de 10% das crianças após as visitas dos cães. E também encontraram a SARM em quase 40% das amostras dos cachorros. A conclusão dos cientistas é que, quanto mais tempo alguém passa com os animais, maior a chance de contaminação pela bactéria.

A SARM (sigla para Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina) é uma bactéria que pode viver na sua pele durante a vida toda, sem causar problemas. Mas, se ela invadir a corrente sanguínea, pode causar uma ampla variedade de infecções: desde lesões simples de pele, como espinhas e furúnculos; até problemas graves que podem levar à morte, como infecção sanguínea ou pneumonia.

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Essa superbactéria é resistente à penicilina e a meticilina, os dois antibióticos usados para combater infecções do Staphylococcus aureus comum. Dados oficiais dos EUA associam a SARM a 11.000 mortes de americanos por ano. Por isso sua presença em pacientes com sistema imunológico frágil é tão preocupante.

Mas, isso não significa que é o fim das visitas dos cachorrinhos. Até porque a culpa da contaminação das crianças nem era totalmente deles: segundo Meghan Davis, uma das autoras do estudo, os animais chegaram limpos, sem a bactéria, ao hospital. Mas acabaram sendo contaminados por outros pacientes quando já estavam lá dentro.

Além disso, a pesquisadora Kathryn Dalton, que também trabalha no Hospital Johns Hopkins , afirmou que os protocolos hospitalares para cães de terapia – banhos um dia antes da visita, verificação minuciosa de feridas, entre outros – não estavam sendo rigorosamente aplicados.

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Após essas novas perspectivas, os pesquisadores pediram aos donos dos cães para banharem os animais com um xampu especial (que protege contra várias bactérias) antes das visitas. Eles também fizeram os cães serem higienizados com toalhas desinfetantes a cada dez minutos que passaram com as crianças no hospital. Resultado? O nível de bactérias nos cães e de contaminação nas crianças caíram drasticamente.

Em suma: apesar de a terapia com cachorrinhos ser realmente eficaz, o estudo é um bom alerta para os cuidados que esse tipo de ação exige.

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