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Tomografias do dino alado Archaeopteryx elucidam voos curtos das primeiras aves

Esse gênero de pequenos animais jurássicos tem características intermediárias entre os répteis da época e as aves contemporâneas, que incluem aperfeiçoamentos aerodinâmicos na plumagem.

Por Manuela Mourão
18 Maio 2025, 19h00

Estima-se que as aves mais antigas levantaram voo pela primeira vez no Jurássico, há aproximadamente 150 milhões de anos. Alguns muitos milênios depois, em 1861, foi descoberto o primeiro fóssil de Archaeopteryx, um gênero de dinossauros com penas. Desde então, por mais de um século, esse galináceo vintage têm servido de ponto de partida para os paleontólogos e biólogos que tentam entender como os pássaros começaram a voar. 

Agora, um artigo publicado na revista Nature revelou tecidos moles e detalhes esqueléticos inéditos desses animais, que permitem elucidar se e como eles alçavam vôo. 

A principal novidade foi a identificação de estruturas chamadas penas terciárias, que criam um contorno aerodinâmico contínuo na emenda entre as asas e o tronco. Essa característica não está presente em dinossauros com penas que não voavam, o que sugere que essa modificação foi uma adaptação evolutiva fundamental para as primeiras decolagens.

A análise foi liderada pela paleontóloga Jingmai O’Connor, curadora associada de répteis fósseis no Field Museum, em Chicago, que adquiriu o fóssil em 2022 após  anos em coleções privadas. “O Archaeopteryx não foi o primeiro dinossauro a ter penas ou asas”, afirma O’Connor ao jornal The Guardian. “Mas acreditamos que ele tenha sido o primeiro capaz de usar suas penas efetivamente para voar.”

Outras evidências já sugeriam essa capacidade como a presença de penas assimétricas, em que um lado da haste central é mais largo que o outro, uma configuração essencial para gerar empuxo. A descoberta das penas terciárias reforça esse diagnóstico. “Se houver um espaço entre as penas e o corpo, o ar escapa, e isso compromete a sustentação”, explica O’Connor em comunicado. “Essas novas penas fecham essa lacuna.”

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Além das penas, o fóssil revela ossos leves e ocos, escamas minúsculas nos pés e estruturas ósseas no céu da boca que apontam para o desenvolvimento inicial de algo chamado cinética craniana, uma característica que permite aos pássaros contemporâneos moverem o bico independentemente dos demais ossos de suas cabeças.

O Archaeopteryx ainda mantinha traços de dinossauros, como mandíbulas com dentes afiados, uma cauda óssea longa e garras retráteis nos pés. As escamas nos pés também indicam que ele passava muito tempo caminhando no solo, podendo ainda ter sido capaz de escalar árvores. Seus voos provavelmente eram similares aos de uma galinha ou faisão, bem curtinhos.

Para tornar visível essa riqueza de detalhes, os pesquisadores usaram tomografias computadorizadas e luz ultravioleta, além de técnicas de escavação de alta precisão, removendo milímetro por milímetro do calcário duro que envolvia o fóssil.

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“Este estudo ressalta muito bem a importância de descobrir novos fósseis, mesmo de espécimes bem conhecidos e estudados”, disse a pesquisadora para o The New York Times. “Este espécime vai me manter ocupada por anos”, disse ela.

Mesmo após décadas de estudo e a descoberta de outros 13 fósseis de Archaeopteryx, ainda há muita controvérsia sobre sua real capacidade de voo. Porém, com as tomografias de alta resolução disponíveis publicamente, pesquisadores do mundo todo poderão reexaminar o dinossauro alado.

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