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Uma estratégia revolucionária para combater o câncer: manter o tumor vivo

Uma pesquisa com ratos deixa os cientistas com a pulga atrás da orelha: será que todo a lógica por trás do tratamento convencional do câncer está errada?

Por Denis Russo Burgierman
Atualizado em 11 mar 2024, 09h37 - Publicado em 2 mar 2016, 14h00

O jeito típico de tratar câncer é declarar guerra: atacar os tumores com a maior violência que o paciente puder aguentar, de maneira a eliminar tantas células malignas quanto for possível. Pois cientistas do Centro Moffitt de Câncer, na Flórida, resolveram tentar algo radicalmente diferente com ratinhos que sofriam de dois tipos de câncer de mama: usaram doses pequenas de medicamentos, de maneira a matar apenas algumas células cancerosas e deixar outras vivas. Aí, foram lentamente diminuindo ainda mais a dose.

A surpresa veio em seguida: os ratos tratados dessa maneira viveram muito mais do que os que enfrentaram a quimioterapia convencional. 80% dos bichinhos que experimentaram a nova abordagem tiveram seus tumores tão reduzidos que puderam interromper o tratamento, enquanto que os ratos que experimentaram altas doses de quimioterapia não apresentaram redução alguma nos tumores no longo prazo.

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Foi apenas uma única pesquisa, e envolvendo ratos. Mas o resultado surpreendente colocou uma pulga atrás da orelha de todo mundo: será que estamos fazendo tudo errado no tratamento do câncer? Será que deveríamos parar de tentar liquidar os tumores e, em vez disso, usar sutileza para mantê-los sob controle?

Os cientistas da Flórida acham que sim – e eles se baseiam na teoria da evolução para afirmar isso. Hoje em dia, tratamos o tumor como um inimigo que deve ser atacado com o máximo de força bruta. “Tendemos a ver o câncer como uma competição entre o tumor e o hospedeiro, mas, quando olhamos dentro do tumor, o que vemos é que as células cancerosas estão competindo umas com as outras”, disse Robert Gatenby, o líder da pesquisa, numa entrevista à revista Time. Ao atacarmos o tumor todo, o que acontece é que matamos a maioria dessas células. Só que as que sobram são justamente as resistentes ao tratamento. O problema é que elas podem em seguida voltar a se multiplicar: e com isso o tumor ressurgirá, dessa vez totalmente resistente à quimioterapia.

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O método desenvolvido pela equipe de Gatenby baseia-se em modelos de computador semelhantes aos utilizados por agrônomos que fazem controle de pragas. Em vez de dar um tiro de canhão na plantação inteira, o que eles fazem é um ataque mais sutil, que reduza a população das pragas, mas não extermine todas aquelas que são sensíveis ao inseticida. Assim, eles sabem que poderão planejar um novo ataque caso a infestação volte a aparecer.

É exatamente o que foi feito com os ratinhos: as doses baixas de quimioterapia mataram algumas células do câncer, mas deixaram outras vivas – e não apenas aquelas que são resistentes. Dessa maneira, o tumor não fica resistente ao tratamento e vai lentamente diminuindo de tamanho – e também de periculosidade. Num primeiro momento, essa nova abordagem não reduz drasticamente o tumor, mas com o tempo ela torna mais fácil mantê-lo sob controle. Talvez o tumor nunca desapareça completamente – da mesma maneira que muitos fazendeiros aprendem a conviver com pequenas populações de predadores comendo suas plantações – mas ele não mata o paciente.

Leia também: Quais tipos de câncer mais matam no Brasil.

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