A vida e a morte dos animais estão gravadas na boca. Precisamente no cemento, tecido formado por fibras de calágenos mineralizadas que segura os dentes na gengiva. Ele pode contar como era a dieta do bicho, sua idade e a época em que morreu. Os anéis que o cemento forma ao se depositar fornece essas informações. Em alguns deles, as fibras de colágeno estão na horizontal, em outros, na vertical. O antropólogo Daniel Lieberman, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, descobriu que essa diferença de posição é determinada pela textura dos alimentos.
Ele verificou que, em cabras, por exemplo, um regime de alimentos duros faz com que a fibras de disponham verticalmente, para impedir que os dentes afundem. Quando a comida é macia, as fibras ficam na horizontal. Os alimentos duros são características de escassez do inverno, e os macios da fartura do verão. Ao determinar a quantidade de anéis e a posição das fibras, os cientistas podem escrever a biografia dos bichos.