Você sabia que bebês não têm joelhos?
Pois é, aquela criancinha que está engatinhando por aí ainda não tem um dos ossos importantes do joelho de um esqueleto adulto, a patela.
Quando os bebês nascem, eles têm na região do joelho uma cartilagem macia, a mesma presente em nossas orelhas e nariz, onde, um dia, suas patelas estarão. Essa cartilagem começa a se formar durante a gestação, explica a pediatra Tia Medley, da organização MedStar Health, para a revista Parents.
A médica diz que a falta da patela é para o benefício da criança, que não precisa se preocupar em quebrar um osso enquanto estiver aprendendo a andar.
A transformação da cartilagem em osso é chamada de ossificação, um processo no qual o corpo vai gradualmente substituindo o material mole por cálcio e outros minerais, formando os ossos rígidos do esqueleto. No joelho, a cartilagem não se transforma em osso até que a criança esteja mais velha.
De acordo com o Dr. Cristiano Laurino, ortopedista pela UNIFESP, esse endurecimento ocorre, geralmente, entre os 2 e 6 anos de idade e há a possibilidade de uma “segunda ossificação”, entre os 8 e 12 anos, explica em sua publicação “A Patela bipartida e a dor no joelho“, para o Instituto de Saúde, Prevenção, Ortopedia, Reabilitação e Tratamento.
Até que isso aconteça, as patelas continuam sendo pedaços de cartilagem bem flexíveis e úteis, isso porque, nessa fase inicial da vida, o corpo ainda está em modo de “configuração básica”, como se estivesse no estágio de testes, antes de lançar a versão final. E é preciso rastejar e cair muito para que as articulações dos joelhos se ajustem e cresçam de forma adequada, enquanto os bebês se tornam crianças ativas e, eventualmente, adultos que possam realizar qualquer atividade de impacto.
Por mais que para as crianças uma patela desenvolvida não os beneficiaria, ela é essencial a partir da adolescência. A patela desempenha um papel essencial na biomecânica do joelho, atuando como um ponto de apoio que aumenta a eficiência do músculo do quadríceps durante a extensão do joelho. Sua presença melhora a capacidade do músculo gerar força, facilitando movimentos como caminhar, correr e saltar. Além disso, esse osso protege a articulação do joelho contra impactos diretos, contribuindo para a estabilidade articular e prevenindo lesões.
Então, da próxima vez que você observar um bebê se divertindo no chão, lembre-se que ele está, na verdade, treinando seus “joelhos provisórios”.