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Alexandre Versignassi Por Alexandre Versignassi Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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A astrofísica da Bíblia

A fé é boa parte daquilo que nos torna humanos – e isso vale para todas as religiões. Mas nenhuma crença pode opor-se ao conhecimento científico.

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Atualizado em 1 fev 2019, 18h33 - Publicado em 31 jan 2019, 18h32
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  • No início dos tempos, tudo o que havia era um mar profundo, que se estendia ao infinito. Deus, então, separou esse mar em dois. Não num corte vertical, estilo abertura do Mar Vermelho, mas numa secção horizontal. Fez a metade superior desse oceano levitar. Elevou a massa de água cada vez mais para cima, centenas de quilômetros para o alto, e estacionou-a ali.

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    Ao enorme vão aberto entre a massa de água de cima e a de baixo, Deus deu o nome de “céu”. 

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    Para segurar a água ali em cima, Deus instalou uma cúpula negra: o firmamento. E é por isso que chove. São as águas daquele mar que repousa acima do firmamento caindo sobre as nossas cabeças. E no céu recém- aberto, Deus instalou duas luminárias. Uma, a mais intensa, ele chamou de “Sol”. A outra, pálida, batizou como “Lua”. Então afastou trechos do mar de baixo para além do infinito, fazendo surgir grandes extensões de terra firme. E viu que era bom. 

    Então criou seres para povoá-la. Primeiro plantas e peixes, depois animais selvagens e domésticos. Por fim, um homem e uma mulher. E também viu que era bom. É assim que o Gênesis descreve a origem do mundo (ainda que com menos palavras). Um mundo plano, infinito, em que toda a cosmologia se resume a um mar flutuante e uma laje descomunal para segurá-lo. 

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    Não entenda este ensaio como uma chacota ao texto bíblico. Não é. O Livro Sagrado é a obra mais importante da civilização. Suas fábulas sobre o início dos tempos apenas refletem uma era pré-científica, na qual todos os fenômenos naturais eram puro mistério.

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    E muito da beleza dessa obra, escrita há quase 3 mil anos, está justamente aí: no esforço de buscar alguma explicação, ainda que sobrenatural, para fenômenos que pareciam insondáveis: o ciclo das chuvas, os corpos celestes, a origem da vida. Outra beleza do Livro Sagrado é a mais familiar: ter criado um código de leis, uma espécie de Constituição, que primeiro solidificou a identidade nacional de um povo, os israelitas, e que depois fundaria as bases éticas de boa parte da humanidade – incluindo aí a civilização islâmica, já que o Corão, composto há 1.400 anos, é uma derivação da Bíblia.

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    E hoje 3 bilhões de pessoas, entre cristãos, judeus e muçulmanos, prestam reverência a esses textos ancestrais.

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    Ter fé na literalidade do texto bíblico, porém, é uma questão privada. Não faz sentido, após quase 3 mil anos de avanços no conhecimento humano, usar a Bíblia para refutar a ciência. Muitos cientistas seguem religiões, e isso não os impede de aceitar fatos que se opõem à imagem bíblica da criação. Fatos como o caráter esférico da Terra, o heliocentrismo e, acima de tudo, a evolução das espécies – talvez a mais brilhante de todas as teorias científicas, junto com a Relatividade, de Einstein.

    A fé religiosa é alimento para o espírito. O respeito à ciência, aliado à ampla divulgação de suas descobertas, é alimento para o cérebro, e para o progresso da civilização. A humanidade passou séculos num esforço conciliatório entre a liberdade intelectual e a liberdade religiosa. E chegamos a um ponto bastante razoável nos últimos séculos. Não joguemos, então, essas conquistas 
    por terra.

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    Que haja luz.

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