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Alexandre Versignassi Por Alexandre Versignassi Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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O vídeo de Cristiane Brasil é um serviço de utilidade pública

Declaração da deputada com claque de empresários num iate escancara o amadorismo político do governo – e vale por mil reportagens.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 jan 2018, 19h23 - Publicado em 30 jan 2018, 17h08
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  • “O que pode passar pela cabeça de uma pessoa que entra contra a gente numa ação trabalhista?”, pergunta a deputada Cristiane Brasil, apontada para ser Ministra do Trabalho por Temer, no vídeo que já ficou antológico.

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    Basta assistir o vídeo dá para entender o que se passa.

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    Taí. Sempre que você precisar de credibilidade, dê sua declaração pública com empresários sem roupa fazendo carão de segurança de balada open bar. Num iate. Não tem erro: a opinião pública vai ficar do seu lado.

    O que temos aqui, de qualquer forma, é um serviço de utilidade pública. Para você refrescar a memória: Cristiane foi apontada como Ministra por Temer sem que houvesse nenhum critério técnico. Temer precisava dos votos do PTB na reforma da Previdência. Em troca, deu a Roberto Jefferson, líder do PTB e preso em 2014 por corrupção, carta branca para colocar quem quisesse no ministério. Jefferson indicou a filha, Cristiane Brasil. A Justiça barrou a posse, já que a deputada foi condenada numa ação trabalhista movida por um empregado doméstico, seu ex-motorista. Ele alega que trabalhava 15 horas por dia, e ganhou em segunda instância o direito de receber R$ 60 mil em indenizações. Cristiane, como afirma no vídeo, se recusa a pagar, e segue impedida de assumir. A Presidência segue apoiando seu nome.

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    Bom, o vídeo é uma peça de utilidade pública justamente por jogar na nossa cara como as coisas funcionam em Brasília. Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil e número um na coordenação política do governo, já tinha feito um serviço semelhante, e igualmente involuntário. Em uma palestra para funcionários da Caixa, falou sobre o modus operandi do governo de forma mais aberta que a usual. Ele disse que, sim, o governo escolhe seus ministros com base na quantidade de votos que os partidos deles podem trazer. Até aí, nada de novo. Presidencialismo de coalização tem dessas (que o diga o antigo ministério da pesca, que era usado quase que oficialmente para a compra de votos no Congresso até ser extinto, em 2015). O governo Temer, porém, aprofundou isso. Primeiro, estendendo a prática para pastas mais nobres. Segundo, implementando nessas pastas a tolerância mil com qualquer indicação.

    Padilha disse que o governo queria colocar um“notável”como ministro da Saúde, ou seja, alguém com a capacidade técnica amplamente reconhecida Falava-se em Drauzio Varella. Mas não. Na divisão do bolo, ficou acertado que a pasta da Saúde deveria ir para o PP, de Paulo Maluf. Então Padilha disse para os líderes da sigla:“A Saúde é de vocês, mas gostaríamos de ter um notável”. O PP não quis saber. Indicou o deputado Ricardo Barros, engenheiro civil, ex-prefeito de Maringá. A resposta do governo: “Então o Ricardo será o nosso notável”.

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    A fala de Padilha teve tanta repercussão quanto a afinidade de Ricardo Barros com a medicina: zero. O vídeo de Cristiane também escancara o amadorismo do governo Temer na formação de seu ministério, com a diferença de que está acumulando mais visualizações que um hit do Porta dos Fundos – o que faz todo o sentido, já que a coisa parece mesmo um quadro de humor.

    Valeu deputada. Obrigado, claque de empresários. Boa praia para vocês todos.

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    PS: Outros posts deste vídeo internet afora estão cheios de comentários pornográficos contra Cristiane Brasil. Em nome da SUPER, e em respeito às mulheres, gostaria de pedir para que os nossos leitores evitassem essa prática – não faz sentido atacar a vida sexual de uma mulher toda vez que a opinião pública se volta contra ela. 

     

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