Apple mostra iOS 15 com “modo trabalho” e sistemas anti rastreamento
Nova função permite criar perfis separados e usa inteligência artificial para reorganizar a tela inicial do iPhone e definir as notificações que são mostradas; empresa ignorou polêmica envolvendo comissões e regras da App Store, que está na Justiça dos EUA
Nova função permite criar perfis separados e usa inteligência artificial para reorganizar a tela inicial do iPhone e definir as notificações que são mostradas; empresa ignorou polêmica envolvendo comissões e regras da App Store, que está na Justiça dos EUA
No iOS 15, que será lançado nos próximos meses e foi apresentado hoje pela Apple, será possível criar “modos” separados, para quando você estiver trabalhando, dirigindo ou descansando, por exemplo. Esse recurso se chama Focus. Quando ele é ativado, o sistema operacional reorganiza a tela inicial, destacando os apps mais importantes para cada situação, e também dá prioridade às notificações mais relevantes naquele contexto – que ele determina usando inteligência artificial. Também será possível definir manualmente o que aparece em cada “modo”. O recurso é opcional, e não é totalmente novo (Samsung e Xiaomi oferecem algo parecido, sem a inteligência artificial). Mas, se ele funcionar bem, pode se tornar popular – e transformar a maneira de usar o smartphone.
Outra novidade relevante é que o Facetime ficou menos insular: agora, pessoas que usam Android ou Windows também poderão participar de videoconferências com o aplicativo da Apple. A pessoa que criou a reunião (e precisa ter iPhone, iPad ou Mac) poderá convidá-las: elas receberão um link que abre a videoconferência na web, via navegador. Não é nada que possa desafiar o Google Meet ou o Zoom, mas é um avanço – a Apple costuma ser muito fechada com seus serviços online (e inclusive usou um deles, o iMessage, para dificultar que usuários de iPhone migrassem para o Android).
O novo iOS também promete melhorias de privacidade. Agora, o aplicativo Mail bloqueia automaticamente “pixels invisíveis” – que podem ser inseridos em e-mails para saber se, onde e quando você os leu. E o Safari, que já tinha alguma proteção contra as “redes de cookies” (que são onipresentes e monitoram a navegação na web), deu um passo além – agora, irá esconder o seu endereço IP dessas tentativas de rastreamento. Por fim, o áudio das ordens dadas à assistente Siri não será mais enviado à Apple: agora, ele é 100% processado no próprio iPhone – em 2019, houve polêmica quando o jornal Guardian revelou que algumas gravações eram ouvidas por colaboradores terceirizados da Apple.
A Apple também mostrou a próxima versão do macOS, que irá se chamar Monterey. Ela permite usar um iPad como monitor adicional de um iMac ou Macbook (o que costumava exigir a instalação de um app de terceiros), inclusive arrastando documentos de um dispositivo para outro. O novo macOS também terá o recurso Focus (o “modo trabalho”), sincronizado automaticamente com o iPhone. Ainda não foi desta vez que iOS e macOS foram unificados: um movimento que, embora muito esperado pela indústria de tecnologia, talvez nunca aconteça. Mas a Apple deu mais um passo nessa direção.
A apresentação marca o começo da Worldwide Developers Conference (WWDC), que a empresa realiza anualmente para desenvolvedores de software – e que, como no ano passado, será 100% online devido à pandemia. Embora a WWDC se destine a desenvolvedores, a Apple não abordou o elefante na sala: a comissão que ela cobra sobre todo o conteúdo vendido na App Store (e que chega a 30%), e as limitações que impõe ao software e conteúdo que pode ser comercializado. Ela está sendo processada pela Epic Software, criadora do mega sucesso Fortnite, por causa disso.
Fortnite é um dos games mais populares do mundo, com 80 milhões de usuários ativos e faturamento anual próximo de US$ 5 bilhões. O processo da Epic contra a Apple, cujo veredicto deve sair nas próximas semanas, pode alterar radicalmente a dinâmica da App Store e transformar a venda de conteúdo online como um todo.