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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Reino Unido é primeiro país a liberar vacina atualizada contra a variante Ômicron. Mas há um porém

Ela foi desenvolvida pela Moderna e é "bivalente": combina mRNA do coronavírus original e também dessa variante. Mas tem um problema: se baseia numa Ômicron que já foi extinta.

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Atualizado em 15 ago 2022, 17h11 - Publicado em 15 ago 2022, 14h06

Ela foi desenvolvida pela Moderna e é “bivalente”: combina mRNA do coronavírus original e também dessa variante. Mas tem um problema: se baseia numa Ômicron que já foi extinta. 

A pandemia já não frequenta as manchetes da imprensa. Mas isso não significa que ela tenha terminado. No Brasil, a Covid tem causado em média 180 óbitos por dia – isso dá um total anual de 65 mil mortes, ou seja, o coronavírus ainda mata o dobro do que os acidentes de trânsito. Nos Estados Unidos, onde a doença tem causado 500 mortes por dia, 7,6% de toda a população adulta está com Covid longa: são quase 20 milhões de americanos com sintomas persistentes, muitas vezes debilitantes. Esse número está aumentando – e deve continuar crescendo nos próximos meses e anos, pois o risco de ter Covid longa aumenta conforme a pessoa é reinfectada pelo vírus.

A estratégia atual, com as vacinas atuais, não resolve a pandemia. Para contê-la, provavelmente será preciso aplicar imunizantes nasais e/ou vacinas “universais”, eficazes contra todas as variantes (falamos detalhadamente sobre essas estratégias na reportagem “O futuro da Covid”, publicada em fevereiro). Mas elas ainda vão demorar. A resposta imediata da indústria farmacêutica são vacinas nos moldes tradicionais, só que atualizadas contra a variante Ômicron. 

Hoje, o Reino Unido se tornou a primeira nação a liberar uma delas: as autoridades aprovaram a vacina bivalente da Moderna, que poderá começar a ser aplicada no país. Ela é “bivalente” porque combina dois tipos de RNA mensageiro: um deles contém instruções para que o organismo fabrique a proteína spike original, do Sars-CoV-2 descoberto em Wuhan, e outro traz o código para a spike da variante Ômicron. Só que é a primeira Ômicron, a BA.1 – que já não existe mais. 

gráfico casos covid
Novos casos de Covid nos EUA, divididos por variante. Repare como a BA.5 é dominante, respondendo por 88% das infecções – e a BA.4 tem 10%. No Brasil, o cenário é o mesmo: BA.4 e BA.5 somam 93% dos casos. (Centers for Disease Control/Reprodução)

Em junho, quando a Moderna divulgou os primeiros resultados dos testes com a vacina bivalente, a situação já era essa: a BA.1 já estava praticamente extinta, com as subvariantes BA.2, BA.4 e BA.5 respondendo por quase 100% dos casos de Covid. E isso é um problema para a nova vacina: ela gera três vezes menos anticorpos contra essas variantes mais recentes do que contra a BA.1. 

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Ou seja, já nasce defasada. Tanto é assim que, no começo de julho, a FDA americana orientou a Moderna e a Pfizer (cuja nova vacina também é baseada na subvariante BA.1) a atualizar suas novas vacinas para BA.4 e BA.5

As empresas conseguem fazer isso, mas vão precisar de mais alguns meses até executar o mínimo necessário de testes clínicos – os imunizantes não ficariam prontos a tempo para o inverno no hemisfério Norte, quando é esperado um pico de casos de Covid. Ao mesmo tempo, a FDA não liberou nem vetou as vacinas BA.1. Gerou-se um impasse.

Agora, ao aprovar a nova vacina da Moderna, o governo britânico “abriu a porteira” – nas próximas semanas, é provável que outros países também liberem as novas vacinas da Moderna e da Pfizer. O raciocínio é que, embora elas tenham menos força contra BA.4/5, são melhores do que continuar insistindo com as fórmulas atuais. 

gráfico
Proteína spike da Ômicron original (BA.1), e subvariantes posteriores. A região identificada como RBD, ou receptor binding domain, é a responsável pela conexão do vírus às células humanas. (Nature Communications/Reprodução)

Pode ser. Mas isso mostra que, na prática, a tecnologia de mRNA acaba não sendo tão ágil quanto se prometia no começo da pandemia. Lembra quando as empresas diziam que, se surgisse uma nova variante do coronavírus, elas conseguiriam ter uma nova vacina pronta em pouquíssimas semanas? 

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Pronta, sim; devidamente testada, não. Os testes clínicos, ainda que acelerados, sempre levam mais tempo – porque você precisa esperar até que os voluntários vacinados, e aqueles que receberam placebo, circulem pela sociedade e sejam expostos ao vírus. É o único jeito. 

É possível que, um dia, as autoridades regulatórias acabem dispensando os testes clínicos das vacinas contra a Covid. Mais ou menos como é feito com as vacinas da gripe (em que os estudos são retrospectivos, medem a eficácia da vacina depois que ela já foi liberada e aplicada na população). 

Mas isso poderia causar desconfiança na sociedade, e também não resolve o problema de ficar correndo atrás de novas variantes. Talvez uma vacina de aplicação nasal, que poderia evitar também o contágio e a transmissão do Sars-CoV-2 (não só proteger contra Covid severa, como as vacinas injetáveis), ou um imunizante universal, ambos bem testados, sejam soluções mais sustentáveis a longo prazo.

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