
Existem filmes bons. Existem filmes médios. E existem filmes ruins, muito ruins. Ruins ao ponto de darem a volta na escala e se tornarem… bons? Pela primeira vez na história da academia, esse tipo de raridade cinematográfica foi analisado. O estudo “Enjoying trash films: Underlying features, viewing stances, and experiential response dimensions”, publicado nessa semana na revista Poetics, analisa o motivo de algumas pessoas gostarem de obras de qualidade, no mínimo, questionável.
O pós-doutorando no Instituto Max Planck para Estética Empírica, Keyvan Sarkhosh, coordenou a pesquisa, partindo de um ponto de vista bem lógico. “Parece paradoxal que alguém assistiria algo realmente mal feito, que dê vergonha ou até mesmo perturbador, e tenha prazer nisso”.
A equipe tentou, primeiro, definir o que faz um filme ser “trash”. A principal característica foi o orçamento baixo, que afeta todo o desenvolvimento de uma obra. Os exemplos mais comuns foram os filmes de terror baratos.
Na visão de Sarkhosh, quem assiste a esse tipo de filme se diverte analisando a produção, os diálogos e a estrutura do roteiro. “Nós estamos falando de uma audiência com educação acima da média, verdadeiros ‘onívoros culturais’. Eles vão além dos limites da cultura popular”. Sarkhosh ainda adiciona que, após assistir às “tragédias”, os cinéfilos costumam discutir sobre os filmes ruins em fóruns e blogs destinados ao tema. Ou seja, eles são mais engajados do que o espectador comum.
Com The Independent