As pessoas enxergam as cores igual? Ou meu azul pode ser o seu amarelo?
Ninguém sabe: a percepção das cores é algo chamado pelos filósofos de qualia – uma sensação pura, que não pode ser transformada em palavras.
Cada cor corresponde a uma onda eletromagnética de um determinado comprimento. Os objetos que nos rodeiam absorvem ondas de alguns comprimentos e refletem os demais. Os refletidos chegam aos olhos e o cérebro os traduz em cores.
Por exemplo: quando você diz para um bebê que o caminhão de bombeiro é vermelho, você está dizendo na prática que aquele caminhão reflete ondas do comprimento correspondente ao vermelho – e absorve todas as outras.
Até aí, tudo bem: a cor é um fenômeno físico.
A questão é outra: como podemos garantir que os cérebros de pessoas diferentes interpretam as ondas da mesma maneira?
Ao dizer para um bebê que um caminhão de bombeiro é vermelho, você está ensinando à criança uma palavra que ela deve usar para objetos que refletem ondas eletromagnéticas com 450 nanômetros de comprimento.
Porém, se porventura o cérebro da criança atribuir a esse comprimento a cor que você entende por azul, você nunca vai descobrir. Não temos como ver o mundo pelos olhos de outras pessoas.
Ou seja: o problema da experiência subjetiva pelo eu consciente é insondável. Existe sim, alguma possibilidade – ainda que remota – de que o meu amarelo seja o seu azul ou o seu vermelho. A percepção das cores é algo chamado pelos filósofos de qualia – uma sensação pura, que não pode ser transformada em palavras. E esse é um dos grandes tópicos da filosofia contemporânea, porque está no cerne da discussão sobre a maneira com nosso cérebro gera a sensação de que você é você.